ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 18.02.1998.

 


Aos dezoito dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Ruas, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal e Reginaldo Pujol. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Sessão de Instalação da Segunda Sessão Legislativa Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, 02 Pedidos de Providências e os Pedidos de Informações nºs 04 e 05/98 (Processos nºs 365 e 366/98, respectivamente); pelo Vereador Antônio Losada, o Projeto de Lei do Legislativo nº 06/98 (Processo nº 494/98); pelo Vereador Hélio Corbellini, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Dib, os Pedidos de Informações nºs 08, 09 e 10/98 (Processos nºs 469, 476 e 514/98, respectivamente); pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências; pela Vereadora Sônia Santos, 02 Pedidos de Providências e o Pedido de Informações nº 11/98 (Processo nº 523/98). Também, foram apregoados os Ofícios nºs 82 e 85/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 04/98 (Processo nº 501/98), e comunicando que Sua Excelência deverá ausentar-se do Município no dia dezenove de fevereiro do corrente, a fim de realizar viagem a Brasília/DF, onde participará do seminário "A Crise Fiscal e Tributária dos Municípios". Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/98, do Vereador  Mauro  Petry, Presidente  da  Câmara Municipal  de  Estância  Velha/RS; 01/98, do  Senhor  Lauro  Sérgio  Pires  Matinez, Oficial  de  Gabinete  da  Câmara  Municipal de Guaíba/RS; 01/98, do Vereador Silvino  Pedro  Schneider, Presidente  da  Câmara  Municipal  de  Salvador das Missões/RS; 01/98, do Vereador  Décio Brune, Presidente  da  Câmara  Municipal de  Imigrante/RS; 01/98, do  Vereador  Roque  João Cargnin, Presidente  da  Câmara  Municipal  de  Pinhal  Grande/RS; 01/98, do  Vereador Valdecir José Corso, Presidente da Câmara Municipal de Barracão/RS; 01/98, da Vereadora Ani Frey, Presidenta  da  Câmara  Municipal de Cachoeira do Sul/RS;  01/98,  do  Vereador Paulo Duarte, Presidente da Câmara Municipal de Rodeio Bonito/RS; 01/98, do Vereador Luís Cezar Rinaldi, Presidente da Câmara Municipal de Santo Antônio do Palma/RS; 02/98, do Vereador Ronilto Roldão Selau, Presidente da Câmara Municipal de Mampituba/RS; 02/98, do Vereador Ivânio Carminatti, Presidente da Câmara Municipal de Boa Vista do Sul/RS; 02/98, da Senhora Sulamita Santos Cabral, Presidenta do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul - IARGS; 03/98, do Vereador Luciano Teixeira Dotto, Presidente da Câmara Municipal de Dilermando de Aguiar/RS; 03/98, do Vereador Pedro Ricardo Gallina, Presidente da Câmara Municipal de Dois Lajeados/RS; 04/98, do Vereador Avelino André Montagner, Presidente da Câmara Municipal de Ilópolis/RS; 04/98, do Vereador Roberto Maciel Santos, Diretor-Geral da Câmara Municipal de Lajeado do Bugre/RS; 07/98, do Vereador Luiz Carlos Krever, Presidente da Câmara Municipal de Charqueadas/RS; 09/98, do Vereador Léo Claudio Monticelli, Presidente da Câmara Municipal de Caraá/RS; 10/98, do Vereador Hélio Barro, Presidente da Câmara  Municipal  de Vila Maria/RS; 209/98, da Senhora Vera Lúcia Martins Vianna, Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal - CEF; 436, 490 e 496/98, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto/RS. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião, o Vereador Pedro Ruas formulou Requerimento verbal, endossado pelo Vereador João Dib, solicitando fosse diligenciada a colocação, nas tribunas do Plenário Otávio Rocha, de placas de identificação contendo o nome dos Senhores Vereadores, e o Senhor Presidente solicitou à Diretoria de Patrimônio e Finanças a tomada das providências necessárias em relação ao assunto. Foi aprovado o Requerimento nº 35/98 (Processo nº 532/98 - Requer Parecer da Comissão de Constituição e Justiça face a atraso do Executivo Municipal no encaminhamento de resposta ao Pedido de Informações nº 2301/97), de autoria do  Vereador João Dib, após ser encaminhado à votação pelo Autor. Na oportunidade, o Senhor  Presidente  deferiu Requerimento verbal da Vereadora Maria do Rosário, solicitando cópias do discurso do Vereador João Dib, após a anuência do Orador. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Paulo Brum, reportando-se à denúncia efetuada durante a Sessão do dia dezesseis de fevereiro do corrente, de discriminação sofrida por pessoa portadora de deficiência física, impedida de concorrer às eleições do Conselho Tutelar no Município, informou ter sido apresentado recurso junto à Comissão Eleitoral para modificar  esta  decisão. Saudou  a  implantação  de  veículos de transporte coletivo adaptados para o uso de deficientes físicos na cidade de Santa Maria e  registrou a  pré-estréia  do  filme  "Gênio  Indomável", a ocorrer hoje, na Casa de Cultura Mário Quintana. Na  ocasião, a Vereadora Maria do Rosário formulou  Requerimento verbal  solicitando  sejam  encaminhados à Comissão de Constituição e Justiça questionamentos acerca da cedência, pelos Senhores Vereadores, dos  tempos regimentais de seus pronunciamentos, o  qual  foi  deferido  pelo  Senhor Presidente. Também, respondendo a Questão de Ordem do Vereador João Dib, o Senhor Presidente prestou informações acerca da ordem dos Vereadores inscritos para pronunciamentos durante o período de Grande Expediente. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Isaac Ainhorn fez uma projeção das atividades a serem realizadas por esta Câmara durante a presente Sessão Legislativa Ordinária, ressaltando a importância do Projeto de Lei que versa sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre e comentando os motivos que impediram a apreciação deste projeto durante o ano passado. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que amanhã serão realizadas duas reuniões da Mesa Diretora e do Colégio de Líderes, a primeira às dez horas e a segunda às dez horas e trinta minutos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Tereza Franco discorreu sobre o não-provimento, pelo Executivo Municipal, de Pedidos de Providências formulados por Sua Excelência, referentes à implantação de abrigos nas paradas de ônibus localizadas junto ao Posto de Saúde da Vila Cruzeiro e à instalação de sinaleiras em pontos da Rua Orfanatrófio. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Fernando Záchia comentou resposta do Executivo Municipal ao Pedido de Informações de sua autoria, relativo à Concorrência Pública nº 06/96, da Secretaria Municipal dos Transportes, tecendo questionamentos acerca do encaminhamento dado ao resultado desse Edital, tendo em vista não ter sido ainda assinado o contrato referente aos serviços ali solicitados. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Záchia deu continuidade ao seu pronunciamento em Grande Expediente, analisando os aspectos legais e financeiros envolvidos no uso de abrigos de ônibus para veiculação de peças publicitárias. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Gerson Almeida manifestou-se sobre matéria jornalística de autoria do Senhor Olívio Dutra, publicada na edição de ontem do Jornal Folha de São Paulo, onde é feita uma análise das diretrizes orçamentárias do Governo do Estado relativas ao ano de mil novecentos e noventa e sete. Também, criticou a linha política adotada pelo Governo Federal, em especial no que se refere ao programa de privatizações ora em curso. O Vereador Guilherme Barbosa, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Gerson Almeida, analisou a qualidade dos serviços atualmente prestados pela Companhia Estadual de Energia Elétrica - CEEE, declarando seu posicionamento contrário à proposta de privatização dessa Companhia. Ainda, defendeu a realização de campanha  de esclarecimento sobre o custo do tratamento da água, visando à economia no seu uso. O Vereador Hélio Corbellini expôs sobre os objetivos traçados pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, no sentido de buscar otimizar o seu trabalho e viabilizar a garantia dos direitos básicos de cidadania consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Também, referiu-se ao resultado de pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, objetivando conhecer as principais preocupações do povo brasileiro. O Vereador  Henrique Fontana externou sua alegria por retornar ao exercício do mandato neste Legislativo. Reportando-se a pronunciamentos anteriormente efetuados pelos Vereadores João Dib e Cláudio Sebenelo, discorreu  sobre  o  processo de municipalização da saúde, analisando dados  estatísticos e  refutando declarações  prestadas  à  imprensa  pelo Deputado  Federal  Darcísio Perondi, relativas aos recursos à disposição do Executivo Municipal destinados à área da saúde. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Henrique Fontana, teceu considerações acerca da política municipal em relação à saúde, ressaltando aspectos referentes à diminuição no número de vagas para internações hospitalares e aos critérios utilizados para o aporte de recursos federais destinados ao atendimento de saúde à população. O Vereador João Dib manifestou-se sobre as disposições constantes no artigo 12 da Lei nº 8689, que estabelecem a obrigatoriedade do Executivo Municipal de prestação trimestral de contas a este Legislativo, relativas ao repasse de verbas do Sistema Único de Saúde. Também, criticou os gastos com publicidade efetuados pela Prefeitura de Porto Alegre. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores José Haroldo Loureiro Gomes, Erlo Fischer e Antônio Carlos Pereira, respectivamente, Diretor de Esportes, Assessor de Projetos e Assessor Técnico do Departamento de Esportes do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e dos Arquitetos Antônio Xavier da Costa e Carlos Max Moreira Maia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Garcia, retomando pronunciamentos  efetuados anteriormente, comentou problemas enfrentados pelo Centro Estadual de Treinamento Esportivo - CETE, os quais inviabilizam a prática de esportes, e solicitou a atenção do Governo  Estadual para o assunto. Ainda, apoiou a  implantação de um sistema de estacionamento do tipo "Área Azul" nas adjacências da Estação Rodoviária de Porto Alegre. O Vereador Henrique Fontana retomou seu pronunciamento sobre a utilização das verbas do Fundo Municipal de Saúde em Porto Alegre. Também, analisou as conseqüências do descredenciamento, junto ao Sistema Único de Saúde, de vários hospitais da Região Metropolitana e ressaltou a necessidade de um maior número de vagas para internação hospitalar na Cidade. Na ocasião, o Vereador João Dib formulou Requerimento verbal solicitando informações referentes à possibilidade de acesso dos Senhores Vereadores a dados da Secretaria Municipal da Administração, através do banco de dados informatizado dessa Secretaria, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos quanto a forma como a questão vem sendo encaminhada. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Pedro Américo Leal teceu comentários acerca dos problemas apresentados pelo Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, relatando inspeção realizada no local, quando foram comprovadas as dificuldades enfrentadas por essa instituição. Ainda, procedeu à leitura de carta recebida do Senhor Carlos Eduardo Paes, Diretor-Geral do Hospital de Pronto Socorro, relativa ao assunto. O Vereador Adeli Sell saudou o Vereador Pedro  Américo Leal por seu pronunciamento no referente ao Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. Manifestou sua preocupação com o Centro de Porto Alegre, defendendo medidas de revitalização dessa área para propiciar seu melhor aproveitamento pela comunidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn reportou-se ao pronunciamento do Vereador Adeli Sell, acerca do Centro de Porto Alegre, declarando observar-se a necessidade de providências efetivas e destacando que medidas simples, como a remoção do comércio ambulante para outra área, em muito colaborariam para a melhoria do local. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elói Guimarães relatou viagem realizada ao interior do Rio Grande do Sul, salientando ter observado a forma como a política econômica hoje vigente no País afeta a população, representando crise e desemprego para grande parte dos gaúchos. Na ocasião, respondendo a Questão de Ordem do Vereador João Dib, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da cedência, pelos Senhores Vereadores, dos seus períodos regimentais de pronunciamentos. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maria do Rosário comentou diminuição verificada no número de acidentes nas estradas após a implantação do novo Código de Trânsito. Questionou razões apresentadas pelo Conselho de Trânsito para a obrigatoriedade do uso de selo de vistoria nos automóveis, discorrendo sobre reportagem a respeito divulgada pelo jornal Folha de São Paulo. A Vereadora Clênia Maranhão analisou a situação econômica vivenciada pelos porto-alegrenses, defendendo a implantação de uma política que gere novos empregos, através da vinda de indústrias para a Cidade. Também, referiu-se à questão habitacional, destacando a importância do acompanhamento, por este Legislativo, das questões que envolvem os moradores do Conjunto Habitacional Parque dos Maias. Às dezessete horas e vinte e nove minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Guilherme Barbosa, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada  por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz):   Havendo quórum passamos à

                                 

 

ORDEM DO DIA

 

 

O SR. PEDRO RUAS (Requerimento): Sr. Presidente, como nós, em boa hora, voltamos ao Plenário grande, que ocupamos neste momento, ao natural se imaginava que as acomodações dos Vereadores da mesma Bancada seriam próximas, ou até iguais as que ocorriam no Plenarinho. Entretanto, isso não ocorreu.

O meu Requerimento é para que, em brevíssimo tempo, se acerte esta questão, colocando os nomes dos Vereadores, como tínhamos no Plenarinho, nas respectivas Bancadas, a fim de não termos mais episódios constrangedores, que podem prejudicar o trabalho. 

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, eu endosso a proposição do Ver. Pedro Ruas, e sugiro que seja colocado o nome no canto da mesa, não na face lateral, mas na superfície do tampo.

 

O SR. PRESIDENTE: Aqui, neste Plenário seria impossível que mantivéssemos a mesma situação do Plenarinho, até porque não temos aqui a mesma disposição das mesas. Então, acredito que possamos ter um entendimento entre pessoas de boa vontade, pessoas que não vão brigar para ocupar um lugar ou outro. Faremos com que essa disposição possa dar-se, respeitando as Bancadas, para que todos tenham o seu assento, já que há assentos reservados para os 33 Vereadores neste Plenário. Acredito que não teremos maiores problemas para abrigar todos os Vereadores de maneira confortável.

Peço à Diretoria de Patrimônio para que já comece esse trabalho, no sentido de fazer com que haja a identificação de todos os Vereadores dentro das suas Bancadas.

Em votação o Requerimento nº 35/98 - Processo nº 532/98, de autoria do Ver. João Dib, solicitando Parecer da Comissão de Constituição e Justiça face a atraso do Executivo Municipal no encaminhamento de resposta ao Pedido de Informações nº 2301/97. O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar como autor.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Todos nós ao assumirmos o Legislativo juramos cumprir a Lei Orgânica e cumprir as leis do Município, do Estado e da União. E é claro que assumimos a responsabilidade de acompanhar o juramento do Prefeito, do Vice-Prefeito, dos seus Secretários para também cumprirem a Lei Orgânica do Município,  em especial,  e  as leis do País e do Estado. Mas não é o que está ocorrendo. Temos recebido respostas a Pedidos de Informações com muito atraso e respostas falsas, o que é mais sério e mais grave. Não é a primeira vez  que o Executivo falseia uma resposta; não sei se por incompetência ou por má-fé. Eu só não digo que é mentira, porque sempre afirmo que mentir é falar contra o que se pensa para enganar, e eu não sei se eles queriam nos enganar, eu não sei se estavam mentindo ou não.

Na Sessão de segunda-feira, eu falei sobre o caso protagonizado pela Prefeitura em relação ao nome da rua Oswaldo Rolla. O Prefeito veio a esta tribuna e disse que lamentava ter vetado, porque, de repente, ele entendia que a vontade popular poderia estar acima da Lei. Mas não era o mesmo caso daquele que eu citei, da rua José Carlos de Oliveira que substituiu a travessa Luiz Antunes. Na informação, à época, que o Executivo me dava, dizia que a rua foi denominada respeitando a Lei nº 2063, de 11 de março de 1960. Eu volto a dizer: não sei se é incompetência ou má-fé; mas a Lei nº 5559, de 25 de janeiro de 1985, assinada por mim, na época Prefeito, revogou a Lei nº 2063; portanto, foi uma falsa informação. Foi uma inverdade trazida ao conhecimento da Casa, em resposta a um Pedido de Informação sobre uma rua que, para a Prefeitura, por ser do companheiro Zézinho, valia tudo. Até o traçado da rua, que está neste Processo, não corresponde à rua que lá está, que não é rua, é um terminal de ônibus. Mas, de qualquer forma, houve uma falsa informação.

Nesse caso da Carris, são 145 dias de atraso e a resposta vem falsa, mais uma vez. O Sr. Secretário da Fazenda informa ao Prefeito, no dia 16 de janeiro deste ano, que havia amparo legal - foi a primeira pergunta que eu havia feito. O Sr. Prefeito assina o documento no dia 22 de janeiro dizendo que havia amparo legal e não há, porque a Lei perdeu a validade no dia 7 de dezembro do ano passado. Então, a Prefeitura pagou dezembro, janeiro e fevereiro para os servidores da CARRIS de uma forma absolutamente ilegal. Uma resposta falsa exige, sem dúvida nenhuma, um pronunciamento desta Casa e a Comissão de Justiça tem as melhores condições para analisar o que está ocorrendo, não só com as respostas falsas, mas com os atrasos  reiterados das respostas aos nossos pedidos de informação. E o Vereador antes de fazer  leis, deve fiscalizar o cumprimento da lei. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 35/98, de autoria do Ver. João Dib. Os Srs. Vereadores que estiverem de acordo permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADO.

Solicitamos as providências para que este Requerimento seja enviado à Comissão de Constituição e Justiça a fim de receber o seu parecer.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro as notas taquigráficas do pronunciamento do Ver. João Dib, porque acerca das questões relativas ao nosso governo municipal responderemos oportunamente.

 

O SR. PRESIDENTE: A aquiescência do Ver. João Dib já foi manifestada.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Décio Schauren está com a palavra, desiste; o Ver. Eliseu Sabino, cede o seu tempo para o Ver. Paulo Brum. O Ver. Paulo Brum está com a palavra.

 

O SR. PAULO BRUM:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, agradeço ao meu colega de Bancada Ver. Eliseu Sabino. Segunda-feira, neste Plenário, fiz uma denúncia sobre uma discriminação contra uma cidadã, portadora de deficiência física: sua candidatura à eleição de Conselheira Tutelar de Porto Alegre foi vetada. Tomamos as medidas cabíveis, entramos com recurso junto à Comissão Eleitoral, e estamos aguardando o pronunciamento da sua presidente. Também já preparamos um Mandado de Segurança. Temos a plena convicção de que a cidadã Magda Viviane, paraplégica, Presidente da Associação de Deficientes Físicos do Bairro Restinga, estará concorrendo a Conselheira Tutelar de Porto Alegre.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não é só de fatos lamentáveis que nos deixam estarrecidos, que vimos tratar desta tribuna; também temos um fato positivo que queremos mencionar; queremos parabenizar a comunidade dos deficientes de Santa Maria, Rio Grande do Sul,  na pessoa do seu representante Ver. Júlio Brener, também portador de deficiência física, professor universitário e Presidente da Associação de Deficientes Físicos de Santa Maria.

Santa Maria é a segunda cidade, no interior do Rio Grande do Sul, a ter o seu transporte coletivo adaptado para o uso das pessoas portadoras de deficiência física. Registro essa nossa satisfação e, como coordenador da Frente Rio-Grandense de Parlamentares e Executivos Portadores de Deficiência, temos muito a comemorar. Estamos conseguindo fazer com que o interior do Estado também se volte para as questões que envolvem as pessoas portadoras de deficiência.

Estivemos presentes no I Encontro Regional em Ijuí. Aquela Cidade foi a primeira  do interior do Estado que adaptou os seus veículos coletivos para que os deficientes físicos também tenham o direito de ir e vir.

Não vivemos só de desgraças, nem somente de posições discriminatórias, mas, também, da certeza de que nós, com a luta consciente, com o objetivo firme, estamos mobilizando, estamos sensibilizando os nossos Poderes Executivo e Legislativo bem como as empresas  privadas de que queremos o direito de sermos cidadãos.

 

O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A sua colocação, que já é conhecida e marca registrada do seu trabalho nesta Casa, faz com que cada vez mais tenhamos respeito pela sua atuação.

Como filho de Ijuí, quero ressaltar que aquela cidade tem um trabalho excepcional  nessa área. Temos lá o Ver. Ari Heck, do PT, que trabalha de forma  incansável  nessa luta que é levada também aqui  em Porto Alegre  por V. Exa.  Nosso aplauso a sua atitude em defesa desses interesses.

 

O SR. PAULO BRUM: O Ver. Ari Heck também é portador de deficiência  física.

 É importante essa participação ativa de todo o cidadão na luta de seus direitos. Não podemos ficar alheios aos fatos que ocorrem a nossa volta. Somos cidadãos portadores de deficiência  e queremos estar em todos os momento sociais, participar ativamente da política, ter os nossos direitos assegurados, conforme a  Constituição assim nos garante.

Estamos com o VI Encontro Nacional de Parlamentares e Executivos Portadores de Deficiência, que será realizado nos dias 15, 16 e 17 de março, na Cidade do Rio de Janeiro, onde estará a representação do Rio Grande do Sul, mostrando que o nosso Estado está atento às questões que envolvem os  portadores de deficiência.

Hoje à noite, haverá uma pré-estréia do filme “Gênio Indomável”, que é  vencedor do "Globo de Ouro", pelo melhor roteiro. O filme é um dos candidatos ao “Oscar”. Será apresentado hoje, às 20 horas, na sala Paulo Amorim, na Casa de Cultura Mário Quintana. Faço esse registro porque esse filme destaca a luta de um superdotado, que era um faxineiro e se  transformou em uma grande celebridade.

O nosso Rio Grande do Sul é o primeiro Estado a ter uma legislação que resgata os direitos  do superdotado, buscando uma maneira de atendê-lo, de qualificá-lo e de fazer com que ele participe, ativamente, do nosso convívio social. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, o Ver. Décio Schauren se encontrava inscrito para o Grande Expediente e, sem expressar do microfone, mas se expressou a V. Exa. que não iria falar. Nesse interregno, nós solicitamos ao Vereador, em nome da Liderança, a possibilidade de usarmos o seu tempo  e ele assentiu. Eu quero, formalmente, então, solicitar a V. Exa. a possibilidade de utilizar o tempo do  Ver. Décio Schauren, mesmo que em último espaço, após todos os Vereadores, para que não se perca o tempo deste Vereador. É a sensibilidade política. Se V. Exa. deferir, esta Vereadora agradece. Se não for possível, encaminharemos um pedido, no sentido de que isso se estabeleça a partir de normas. Achamos que esta sensibilidade no trato das questões pode valer para todas às Bancadas.

 

O SR. PRESIDENTE: O Requerimento de V. Exa. se prende apenas ao fato de V. Exa. pedir para o ocupar o tempo do Ver. Décio Schauren, que já havia desistido de ocupá-lo.

Vera. Maria do Rosário, eu peço que V. Exa. nos ajude a cumprir o Regimento, que não dá, realmente, muitas condições de fazer com que os tempos sejam recriados.

O tempo do Vereador pode ser passado, no Grande Expediente, no período das Comunicações, para outros Vereadores, mesmo com a aquiescência do Líder, quando o Vereador não estiver em Plenário. Só que, quando o Vereador desiste, ele está dizendo que não vai ocupar o tempo. O tempo, assim, fica vencido. Este é o Regimento da Casa.

 

 A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, o Ver. Décio Schauren registrou que esta Vereadora poderia ocupar o seu tempo. Ele não comunicou a esta Vereadora que ele havia desistido. Eu fiquei sabendo por V. Exa.  em quem eu confio como Presidente dos trabalhos. No entanto, não faz 5 minutos que nós conversamos aqui no Plenário. Esta sensibilidade na condução dos trabalhos, V. Exa. sempre a teve. Dessa forma, se V. Exa. não deferir o meu pedido, eu quero solicitar à Comissão de Constituição e Justiça que se pronuncie sobre a matéria, para que, em outros momentos, não tenhamos nenhuma medida que seja diferenciada da que V. Exa. tomar neste momento.

 

O SR. PRESIDENTE: Está deferido para a Comissão de Constituição e Justiça  pronunciar-se a respeito do assunto.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V. Exa. já deferiu a audiência da Comissão de Justiça, mas seqüência é seqüência. O primeiro Vereador inscrito era o Ver. Décio Schauren, que desistiu; se não tivessem falado, depois dele, o Ver. Eliseu Sabino, que cedeu o seu tempo ao nobre Ver. Paulo Brum; o Ver. Elói Guimarães cedeu o seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn. Poderia até pensar-se, mas, senão, não tem porque fazer seqüência.

 

O SR. PRESIDENTE: Concordo com V. Exa., porque V. Exa. está falando exatamente em defesa do Regimento.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A nossa saudação ao início desta Sessão Legislativa que, certamente, será de uma importância muito grande, na medida em que temos pela frente um conjunto de trabalhos a desenvolver da maior importância.

A sociedade porto-alegrense espera que nós, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste ano possamos discutir e votar o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano da Cidade de Porto Alegre. Trata-se de importante matéria que por duas vezes, nos últimos dois anos, já esteve nesta Casa e, no entanto, Sr. Presidente, problemas de ordem técnica impediram a apreciação deste importante diploma legal, que poderíamos com absoluta tranqüilidade dizer e reafirmar da tribuna desta Casa, que após a Lei Orgânica da Cidade de Porto Alegre, promulgada em 1990 é, indiscutivelmente o mais importante instrumento jurídico, urbanístico e que envolve a vida de todos os cidadãos e que será discutido e votado neste ano.

Agora o que nos preocupa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que este Projeto que envolve toda a população de Porto Alegre, que envolve as pessoas que moram, que trabalham, que transitam, que chegam a Porto Alegre seja, exaustivamente  debatido durante este ano. E para que isso possa acontecer, quero, num primeiro momento, já sugerir à  Presidência que organize um calendário de trabalho, porque esse é o interesse maior de todos os Vereadores, que tenha como ponto de partida um primeiro encontro, ao início desta Sessão Legislativa, entre os técnicos que estudaram e aprofundaram o Plano Diretor e os Srs. Vereadores, todos os Vereadores, os 33 Vereadores desta Cidade.

Sabemos, Sr. Presidente, que o Plano, basicamente, é dividido em três partes, e temos muitas preocupações em relação a esse Projeto de Lei, porque algumas questões não estão suficientemente delineadas e aclaradas. Eu quero manifestar, mais uma vez, sobretudo com o aparte que envolve a organização e o planejamento deliberativo e da gestão urbana da Cidade, que não podemos aprovar, aqui nesta Casa, um Plano Diretor que diminua e reduza as atividades deste Legislativo. Ao contrário, as experiências dos anos têm-nos mostrado que os grandes empreendimentos, as grandes questões urbanísticas devem ter a discussão final realizada no Legislativo Municipal. Até porque nós recebemos um mandato, recebemos uma procuração popular para deliberar sobre essas questões e  não queremos abrir mão nem dividir esse poder que a população da Cidade de Porto Alegre entregou aos Vereadores pelo voto, pela via democrática.

Portanto, Sr. Presidente, eu gostaria de me ater a outros pontos que envolvem a questão das áreas públicas da Cidade, não suficientemente aclaradas e delineadas dentro do Plano Diretor, deixando tudo à decisão do Executivo e aos  regulamentos posteriores, sem definição  e caracterização  do que são essas áreas. Nem as grandes linhas foram  definidas  na primeira parte do Plano Diretor. Com relação à gestão, essa nos preocupa muito,  porque, se ainda nós lutamos para que a Câmara Municipal seja o gestor do  processo do Orçamento Participativo, através da criação de uma lei que o defina, não queremos trazer as distorções de um sistema sem lei para dentro do Plano Diretor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Aproveito o pronunciamento do Ver. Isaac Ainhorn para  reafirmar o que foi tratado na semana passada. Amanhã, a Mesa Diretora  - da qual o Ver. Isaac Ainhorn faz parte - juntamente com as lideranças, estará reunida  exatamente para buscar o melhor encaminhamento para a votação desse Projeto. Amanhã,  todos os  Srs. Vereadores, Líderes de Bancada e aqueles que pertencem à Mesa estão  convocados para comparecerem na reunião que está marcada para iniciar às 10 horas, 10 horas e 30 minutos. Meia hora antes, haverá uma reunião apenas da Mesa Diretora e todos os Vereadores que a ela pertencem também já estão convocados.

A Vera. Tereza Franco está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

A SRA. TEREZA FRANCO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu  gostaria de comentar a respeito dos pedidos de providência feitos por esta Vereadora. Em 14 de fevereiro, solicitei uma cobertura externa no posto de saúde, Postão 3,  da Vila Cruzeiro, já faz um ano. Em 5 de novembro, solicitei a colocação de uma sinaleira, por medida de  segurança, na Rua Sepé Tiaraju com a Orfanatrófio, onde existem duas escolas: a João XXIII e a Silva Paz. Também solicitei a instalação de uma sinaleira no cruzamento da Rua Orfanatrófio com a Rua Prof. Leão para proteger as crianças de uma escola existente ali e também as pessoas que saem do Postão, às vezes, meio tontas devido ao uso de medicamentos.

Ao cobrar os pedidos junto à Secretaria dos Transportes, esta Vereadora ficou surpresa ao ouvir uma secretária daquele órgão dizer que não havia verba para a colocação dessas sinaleiras. Para tanto, sugeriu que esta Vereadora fizesse uma "vaquinha" entre os moradores, os donos de supermercados e as escolas. Então, eu pergunto: para que existe a Secretaria se esta Vereadora tem de fazer "vaquinha"? Eu fazia muita "vaquinha" quando estava na vila. Agora, creio que chegou o tempo de parar de fazer "vaquinha".

Eu só gostaria de deixar registrado que achei isso um absurdo. E tenho certeza de que essas sinaleiras não vão sair mesmo, já que até "vaquinha" eles sugerem que eu promova. Eu tenho aqui o nome da pessoa que se diz secretária, pelo menos ao telefone ela se identificou assim.  É a Sra. Janice Rossi. Era isso que  eu queria deixar registrado, porque estou engasgada com essa "pouca vergonha". Muito obrigada.       

 

(Não revisto pela oradora.)          

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no final do ano de 1997, este Vereador encaminhava ao Prefeito de Porto Alegre, através de um Pedido de Informações, a solicitação de algumas respostas a indagações por nós levantadas a respeito da concorrência pública nº 001/96, da Secretaria Municipal de Transportes cujo objeto era a outorga de permissão do uso de abrigos de ônibus para exploração publicitária no Município de Porto Alegre. Como contrapartida, o Edital exigia da empresa vencedora a instalação, manutenção, conservação e doação desses equipamentos. Existiam no ano de 1997,  585  abrigos que ficam, Ver. Elói Guimarães, nas paradas de ônibus. Esses abrigos foram explorados, ao longo tempo, por uma empresa. Findo esse contrato, a Secretaria Municipal de Transportes abriu essa concorrência pública e treze empresas buscaram o Edital para dela participarem, com abertura  prevista para o dia 28 de novembro de 1996. Com a retificação do Edital de concorrência pública - alterava a prova de disponibilidade de veículos que exigia que as empresas que participassem tivessem, no mínimo, três veículos, inicialmente eram seis,  tipo “pick-up” ou caminhões  - a data foi alterada para o dia 27 de janeiro de 1997. Treze empresas pegaram o Edital,  mas,  estranhamente, apenas  uma empresa participou da habilitação, Empresa Scarta - Exibidora de Cartazes Ltda. Essa Empresa, evidentemente, estava habilitada e venceu a concorrência. A única que participou venceu a concorrência.

Alguns pré-requisitos fizeram, num segundo momento, com que doze empresas não participassem da concorrência. Elas pegaram editais e não participaram da concorrência, porque teria a empresa vencedora que colocar 400 abrigos nos dois primeiros anos, dar manutenção aos 585 abrigos já existentes, colocar piso de basalto naqueles abrigos que não têm, fazer a  canalização pluvial em todos os abrigos, porque eles não têm, e teria que colocar, conforme Projeto de Lei aprovado por esta Casa  e transformado em Lei, os painéis indicativos de itinerários e horários dos ônibus que passam naquela linha. Então, além disso, teria que implantar 100 abrigos a cada semestre: 100 abrigos no primeiro semestre de 97; 100 abrigos no segundo semestre de 97; 100 abrigos no primeiro semestre de 98 e 100 abrigos no segundo semestre de 98. Vejam as dificuldades! Isso fez com que doze das treze empresas não participassem.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Fernando Záchia, posso depreender do pronunciamento e dos documentos que V. Exa. mostra que alguém, durante um ano pelo menos, beneficiou-se com o dinheiro público, porque o contrato anterior, por certo, deve ter passado todos esses abrigos para o domínio da Prefeitura. E essa entidade, ou pessoa, ou firma, ou empresa, está ganhando dinheiro da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em vez de dar a sua contribuição em razão de uma licitação realizada.

 

O Sr. Elói Guimarães:  V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa., talvez, aleatoriamente, citou o meu nome.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Não foi aleatoriamente, fi-lo  porque V. Exa. era um dos poucos que prestava atenção.

 

O Sr. Elói Guimarães: Não só prestava atenção, mas fui aquele que, quando Secretário dos Transportes, instituiu, em Porto Alegre, os abrigos de ônibus com promoção custeada pela empresa que se obrigava a  colocá-los. Mas o tempo de V. Exa. está findo, eu encerro. Apenas queria dizer que saiu desta cabeça, quando Secretário dos Transportes, exatamente esse Projeto que implantei e que resolveu, parcialmente, as necessidades da Cidade, enriquecendo o mobiliário da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Perfeito, sem dúvida alguma a idéia é muito boa.  A  nossa surpresa - daí a razão do Pedido de Informações - porque, ao longo do ano de 97, queríamos saber e fizemos essas indagações ao Executivo: aonde foram instalados, quantos abrigos foram instalados, se as manutenções foram feitas, em quais locais, se os abrigos foram devidamente doados para o Município, todos aqueles pré-requisitos que faziam parte do edital, para sabermos se, de fato, tinham sido observados ao longo do ano de 97. A nossa surpresa é que a resposta do Pedido de Informação, datado de 13.01.98, nos diz que tudo isto que nós solicitávamos não foi realizado porque ainda não foi assinado o termo de contrato.

Vejam, a licitação foi em janeiro de 97; o  edital é bastante claro, tinha que ter sido assinado em cinco dias. Passado um ano não foi assinado. Através do Pedido de Informação eu não tenho condições de informar por que não foi assinado o contrato em  todo o ano de 97.

A minha indagação é quem recebeu - e alguém recebeu - os recursos dos quinhentos e oitenta e cinco abrigos. Eu não estou nem falando naquilo que deveria ter sido feito no ano de 97. Mas, quando da concorrência pública, existiam e está no edital, quinhentos e oitenta e cinco abrigos. Existem publicidades anuais. Quem recebeu? Quem contratou? Quem ficou com o dinheiro? Não estou aqui tendo a irresponsabilidade de afirmar nada. Fomos atrás. São quinhentos e oitenta e cinco. Imaginamos que não fizeram a publicidade em todos os abrigos, mas 50%, certamente,  têm as publicidades. Seria isso em torno de trinta mil reais por mês. Nós fizemos contato com algumas empresas, e estão aqui os contratos: cento e vinte reais por mês. Cento e vinte reais por mês esta empresa, que venceu o edital, cobra da empresa que bota a sua logotipia, a sua marca nessas publicidades.

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão se inscreve e cede seu tempo a V. Exa.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Cento e vinte reais por mês esta empresa cobrou de seus anunciantes, tendo essa empresa o resultado financeiro de uma concorrência que só ela participou, porque as outras desistiram pelas dificuldades de participar; que teriam que doar 400 equipamentos ao Município, num prazo de dois anos; que teriam que fazer a manutenção dos 585, já existentes; que teriam que fazer a canalização pluvial destes, e teriam que fazer o piso  em  grande parte destes abrigos. Isto fez com que as outras doze empresas desistissem e só uma permanecesse. Ora, o processo é legítimo, é normal. O que é anormal e ilegítimo, na visão deste Vereador, é que esta empresa, sem assinar o contrato, e aqui diz, claramente, que teria que assinar em cinco dias: "Após, sem assinar esse contrato, o Município convocará a proponente vencedora para a assinatura do contrato de permissão de uso, que deverá ser assegurado no prazo de cinco dias úteis, a contar da data de licitação".

Não assinando o contrato, esta empresa vencedora não tem obrigação  nenhuma de fazer os devidos investimentos. Mas tem o direito, através desse contrato, de receber o referente à publicidade.

Ora, existe o equipamento público, esta empresa recebe o resultado financeiro  do uso do equipamento público, mas não participa com a sua parte no processo. Ela não faz a manutenção, não cria os novos equipamentos. Até esta empresa não faz isso, talvez, nem porque não queira fazer, mas porque não foi assinado o contrato entre a Prefeitura e a empresa vencedora que, pelo edital, diz que deveria ter sido feito  cinco dias após.

Vejam o  ponto cinco, o  ponto quatro, dos prazos que diz o edital: "Na hipótese do Município não assinar o contrato com a  proponente vencedora ou com a outra, na ordem de classificação, no prazo de 60 dias data do recebimento das  propostas, ficam estas liberadas de quaisquer compromissos assumidos".

O Ver. Guilherme Barbosa me perguntava, e eu torno público, se esta empresa está vendendo a publicidade neste período sem contrato. Eu tenho a resposta do Pedido de Informação de 13.01.98, dizendo que não foi assinado o contrato, que não podem me responder, estão prejudicadas as questões e que não foi  iniciada a execução do serviço, pois o termo ainda não foi assinado. E assim ela me responde em sete itens consecutivos.

Eu tenho dois contratos aqui, conseguidos desta empresa, um assinado em 17.05.97, de nº 0096/97, e outro contrato, Ver. Guilherme Barbosa, de nº 0079/97, assinado em 15 de maio de 97 - dela com as empresas que fazem publicidade, delas com terceiros. Cento e vinte reais ambas: uma empresa tem quatro paradas de ônibus e outra tem uma parada de ônibus - 120 reais cada, mensalmente, com duração de 12 meses.

O meu questionamento é o seguinte: essa empresa está tendo, através da utilização de equipamento público, recursos financeiros, está tendo resultados positivos financeiros, com a conivência da Secretaria Municipal de Transportes, que não assinou o contrato ainda e que tinha para isso o prazo, segundo o edital, de cinco dias. O que me chama a atenção nesse quesito é que, se não for assinado o contrato no prazo de 60 dias, a empresa vencedora, contratada, está descompromissada de efetuar a sua parte no contrato, fica liberada de quaisquer compromissos assumidos, isso está bem claro! Ora, ela faturou, por 12 meses, resultados financeiros  - não sei de que monta - em cima de uma venda publicitária de 585 abrigos, e agora ela, calçada nesse contrato, poderá dizer: "Estou desobrigada; não tenho mais interesse nesse serviço". E teve o resultado financeiro de 12 meses! Não fez nenhuma manutenção, não fez nenhuma implantação, não doou nenhum abrigo para o Município e teve resultado financeiro!

Então, eu peço a atenção da Vera. Maria do Rosário para que, se possível, nós tenhamos informações mais concretas, e não só aquelas dentro do prazo legal dos pedidos de informação, que me parece extremamente longo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero, neste tempo de Grande Expediente, fazer referência a um artigo assinado pelo companheiro Olívio Dutra, publicado, ontem, no jornal Folha de São Paulo, no qual ele analisa o orçamento do Estado do ano passado, orçamento em que foi citado, com estardalhaço, o índice da Fundação de Estatística - a FEE - de um crescimento de 5,7% da economia gaúcha do ano passado. E como é comum que o estardalhaço feito pelo Governo do Estado não tenha nada a ver com a realidade, e ele falseie sistematicamente os dados e os números, ele fez uma ligação direta deste assunto com a sua política econômica com a vinda das montadoras e aí por diante.

Uma análise minimamente mais próxima, mais rigorosa, mais correta desmente isso, porque em 1992 o PIB do Rio Grande do Sul alcançou 8,6%, e em 1993, 8,3% sem que se vendesse nenhuma empresa pública no Estado.  O Governo disse que, graças à venda das estatais e à sua política de entrega do patrimônio público, nós tínhamos conseguido 5,7% do PIB.  Portanto, só esses dois dados dos anos de 92 e 93 desmentem, categoricamente, uma relação direta de uma coisa com a outra.

Agora, se formos analisar mais cuidadosamente vamos ver que na área de serviços, que é a área que o Estado tem uma influência direta, e as suas políticas, praticamente, definem no mesmo ano uma relação direta com o Produto Interno Bruto.  Nesta área houve uma queda de 3,8% em relação ao ano anterior nos investimentos do Estado. Logo, naquilo que depende, exclusivamente, do Governo, o que vimos não foi "superávit", foi queda de 3,8% no PIB.

Agora, se considerarmos os anos de 95 e 96, a queda foi maior ainda, é de 10%, o que demonstra o quanto  a política do Governo do Estado tem feito com que haja um desaquecimento na atividade econômica do Estado do Rio Grande do Sul.

Não fica só por aí. Vou concluir com mais um dado apenas: em 1997 o gasto do Governo Britto com a Secretaria de Obras Públicas, Saneamento e Habitação, que executa o conjunto das obras do Governo, responsável em grande parte pela estrutura do Estado, não passou de 17,6 milhões de reais, não passou disto o conjunto dos gastos com a Secretaria. Algo como 17,7% do rendimento de 99,5 milhões que a General Motors  ganhará apenas com as aplicações financeiras dos mais de 253 milhões que lhe foram doados. Ou seja, 100% dos gastos com a Secretaria de Obras, Saneamento e Habitação do Governo Britto, no ano passado, não passaram de 17,7% do rendimento financeiro que a General Motors obteve com aquela dádiva que lhe foi feita. Portanto, esses dados parecem categóricos sobre a natureza do Governo Britto.

Outro assunto que vai na mesma lógica é de que o Governador Antonio Britto quer ser o "Joãozinho do passo certo" do Governo Fernando Henrique Cardoso. Vejam que todos os jornais publicam - lamentavelmente no Rio Grande do Sul não teve tanta divulgação - que o ano de 1997 fecha com a maior taxa de desemprego da história recente do nosso País. Só no início do Governo Collor de Mello, naquela recessão brutal em que caiu o Brasil, o índice de desemprego foi um pouco maior. Nós estamos com um desemprego de 5,6%; e esse índice só foi maior em 1992, num ano de recessão aguda do País. Ou seja, a despeito da propaganda oficial, o País está mergulhado num dos piores momentos da sua vida nacional, em  que 5,6%, que significam mais de 17 milhões de pessoas desempregadas, estão jogadas na pior situação possível que é a situação de não poder trabalhar. E não ficam por aqui as mazelas sociais e econômicas que esta política tem imposto ao povo brasileiro. Nós ouvimos ser cantado, em prosa e verso, que a privatização é a única solução e o caminho único para nos integrarmos à realidade da modernidade, pois isso foi colocado como um dogma, quase sem nenhuma crítica, como lembrava o Ver. Henrique Fontana. Assim, privatizou-se tudo, inclusive a energia elétrica do País. A CEEE também está nesse caminho. Hoje, o Estado do Rio de Janeiro está nas trevas, Ver. Pedro Américo Leal - nós que lutamos juntos  contra essa política entreguista do patrimônio público. Hoje há um blecaute atrás do outro no Estado do Rio de Janeiro, sendo que as tarifas públicas de energia elétrica subiram vertiginosamente. No entanto, houve entrega do patrimônio da “Light”, do patrimônio público representado pela “Light”, fomos ver agora os contratos , fomos ver de que forma foi vendida. E pasmem, Senhores, não há uma única cláusula que assegure, que obrigue a empresa privada a prestar os serviços públicos aos cidadãos cariocas. Esse é o maior acinte, é a maior vergonha que eu,  particularmente, já vi fazer com um serviço público estratégico como esse. E eu quero saber aqui no Estado do Rio Grande do Sul, onde a CEEE, assim como a CORSAN, como a CRT, estão sendo privatizadas, se também o Governador Antônio Britto vai querer ser mais realista do que o rei,  como tem sido,  à imagem e semelhança do que fizeram com a “Light”. Aí nós vamos mesmo, como  disse o  Jornalista Hélio Gaspari, um dos  mais lúcido jornalistas deste País, estamos diante de uma verdadeira “maraculight”, porque é um absurdo que tanto dinheiro público tenha sido  colocado naquela empresa. Foram  saneadas as dívidas pelo Estado, o BNDS deu milhões de dinheiro, os lucros aumentaram, porque foi dado lucro para todos os acionistas, e agora não há mais serviço público de energia elétrica. Se nós continuarmos assim, não teremos mais telefone e não teremos mais saneamento básico universal, porque é essa a mesma política que está sendo imposta ao Brasil inteiro. E é por isso que nós, dos setores democrático-populares, queremos derrotar essa política e estamos aliançados com o  PDT, PSB e todos os partidos democráticos para que, neste ano,  possamos reverter esse quadro de entrega e de subserviência do governo Britto, do Governo de Fernando Henrique às políticas neoliberais, que terminou tendo um caso  patético que  foi o apoio  feito pelo Ministro de Relações Exteriores à guerra no Iraque. A tal ponto chega a subserviência do governo Fernando Henrique, coisa que nem a ditadura militar chegou a apoiar situações como essa.  Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Gerson Almeida, de certa forma, roubou uma parte do meu discurso, mas é necessário acrescentar que o fez com mais brilhantismo do que eu conseguiria fazer.

Seguindo nesse rumo, Ver. Gerson Almeida, vemos no nosso Estado, nesse processo de privatização da CEEE, onde a Empresa foi dividida em seis partes - duas já vendidas,  Distribuidora Norte-Nordeste e a Distribuidora Centro-Oeste - que o Governo do Estado enxugou ao máximo o corpo funcional e passou, para a parte que ficou, Estatal, toda a dívida que tinha a empresa - Ver. Paulo Brum, meu colega eletricitário - com o Governo Federal. Também as dívidas que tinha com funcionários ficaram com a Estatal, deixando as duas empresas que foram vendidas, absolutamente, enxutas, sem qualquer dívida.

Nesta semana em que as temperaturas médias foram baixas, por várias vezes, durante a madrugada, vários cortes de energia elétrica aconteceram em Porto Alegre. Nós sabemos que não havia motivo algum de sobrecarga de consumo para isso acontecer. A direção da CEEE  estatal precisa explicar o que está acontecendo, embora possamos desconfiar. A Empresa A&S, que comprou a Distribuidora Centro-Sul, já está pensando em contratar funcionários, tal foi o nível do incentivo para a aposentadoria de funcionários da CEEE. Exageraram no processo de enxugamento do corpo funcional, assim como a própria CEEE que está, também, reduzindo seu corpo funcional para manter a qualidade dos serviços, porque, se a Empresa tinha problemas financeiros, se tinha uma dívida alta, a qualidade dos serviços da CEEE era reconhecida pela própria população. O Governo do Estado fez uma pesquisa em 1996 e o resultado surpreendeu o próprio Estado pela resposta da comunidade gaúcha. É um fato que  tenho encaminhado  à opinião pública, não havendo nenhuma manifestação. Em maio de 1996 aparentemente estava sendo concluído um processo com cerca de 20 anos, porque foi assinado um contrato com um consórcio privado, o Consórcio Confisa, para se construir a usina hidrelétrica Dona Francisca, no último aproveitamento do rio Jacuí. O Estado tem carência de produção de energia elétrica; compramos, no mínimo, 60% da energia que consumimos. E essa usina que os técnicos da CEEE projetaram há mais de vinte anos? Parecia que então seria construída. O contrato foi assinado, muita festa foi feita, mas, passados quase dez meses, completará, em maio um ano  e, até agora, nada da obra foi executado. A obra da usina hidrelétrica Dona Francisca ainda não começou, depois de dez meses de contrato assinado. Afinal, o que está acontecendo? Precisamos ampliar o nosso parque gerador no Estado, compramos muita energia de fora e produzimos pouco no Estado. Então, queremos saber por que a obra da hidrelétrica ainda não iniciou.

Assim como o Ver. João Dib, também tive a satisfação de ser diretor-geral do DMAE e todos que trabalham com a questão da água têm uma preocupação muito forte, hoje, de instruir a população para que se faça a utilização da água tratada de forma otimizada, Ver. Antonio Losada. A água é um produto cada vez mais difícil, mais caro no seu tratamento. Não é o caso, exatamente, de Porto Alegre  porque temos esse grande manancial que é o Rio Guaíba, apesar de poluído, vai ser recuperado, tenho esperança. No mundo inteiro é uma preocupação. Temos regiões no Estado em que há muita dificuldade para ser coletada  e tratada a água antes de ser entregue para a população. Tive uma desagradável surpresa, quando vi publicidade da CORSAN como esta que, de forma implícita, incentiva  o desperdício da água. Isso foi publicado em todos os nossos  jornais, é uma propaganda bonita, o texto afirma: "Vai sobrar tranqüilidade em Pinhal neste verão, 1200 pessoas beneficiadas com reforço da distribuição de água tratada". Tem  uma fotografia de um belo garoto com uma  mangueira, bebendo na extremidade dessa mangueira, desperdiçando água completamente. A propaganda da CRT diz que agora tem telefone para todos, pode-se falar à vontade. Tudo é um incentivo ao desperdício. Mesmo que  haja telefone à vontade, embora não haja, é um desperdício. Na propaganda diz que há água à vontade, mas não há, porque, nos dias mais quentes, a região metropolitana continua sofrendo com a falta de água.  Mesmo que haja o serviço público, tem que ter uma publicidade educativa, ele tem que incentivar o uso otimizado desses produtos que são muito importantes.

 

O Sr. Adeli Sell:  V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, V. Exa.  tem toda a razão neste pronunciamento. Li uma nota que V. Exa. enviou aos meios de comunicação, mas, infelizmente, não ouvi repercussão, apesar da importância dessa denúncia. Essa propaganda é de Pinhal, onde temos um grave problema de saneamento básico, essa cidade é praticamente  um esgoto a céu aberto. A situação é pior ainda.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Não estou entrando no mérito da intensidade da propaganda do Governo, neste ano serão cinqüenta milhões de reais, mas estou entrando no mérito da propaganda em si. É uma propaganda que incentiva o desperdício e isso não podemos admitir de forma alguma, porque a água que é um produto valioso deve ser cada vez mais guardado e com um consumo disciplinado.

Pedi explicações sim ao Governo do Estado com relação a Usina Hidrelétrica de Dona Francisca para saber o que está acontecendo,  porque o Consórcio Privado Confisa até agora não iniciou a obra? Se completar um ano e a obra não estiver funcionando,  perderemos a concessão da Usina. Talvez seja esse exatamente o objetivo e a concessão voltará então ao Governo Federal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, foi com imenso orgulho que recebi desta Casa a responsabilidade de presidir a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Por isso estou nesta tribuna hoje para compartilhar com  meus colegas Vereadores e fazer algumas reflexões sobre os direitos humanos e o trabalho que devemos desenvolver junto a Comissão.

Entendo que a luta pela concretização da Declaração Universal dos Direitos do Homem é um eficaz instrumento para combater a desigualdade de exclusão social. Diretos humanos é sinônimo de direitos fundamentais e, conforme diz o Prof. Joaquim Carlos Salgado, eles são matrizes de todos os demais. São direitos sem os quais não podemos exercer muitos outros, eles são fundamentais e dão fundamentos a todos os demais. Nunca daremos por concluída a promoção dos direitos humanos dessa forma. Além dos diversos direitos ainda a serem efetivados, novos direitos estarão permanentemente emergindo das necessidades e aspirações do homem.

Para compreendermos isso, é ilustrativo classificarmos os direitos humanos em suas gerações; a primeira geração são os direitos individuais: liberdade e igualdade, produzidos pelo capitalismo nascente; a segunda geração são os direitos sociais e a exigência de que o Estado e a sociedade promovam o bem-estar de todos; a terceira geração são os direitos coletivos, onde surge a proteção à infância, à paz, ao meio ambiente e ao consumo.

No Brasil, a luta pela redemocratização trouxe à tona a necessidade de o desenvolvimento econômico ser acompanhado pela promoção do desenvolvimento social.

A Constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde, o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Orgânica da Assistência Social e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação institucionalizaram a proteção de vários direitos. Porém, recente pesquisa do IBOPE, divulgada em 03 de fevereiro, apontou as principais preocupações dos brasileiros neste momento: 69%, desemprego; 50%, deficiências no serviço de saúde; 36%, o uso das drogas; 32%, baixos salários e 22%, limitações da área da educação.

Além disso, a violência, o déficit educacional e a fome atingem cotidianamente milhões de brasileiros.

Meu objetivo neste pronunciamento não é apontar culpados. Sabemos que os governos, de diversos níveis, poderiam tomar medidas que auxiliassem na reversão desse quadro. Mas entendo que devemos ir além. Em primeiro lugar, é nas cidades que as pessoas vivem e, dessa forma, é aqui que seus direitos se realizam. A União é distante. O Estado é, muitas vezes, abstrato. Em segundo lugar, as melhores soluções são aquelas que envolvem diretamente seus beneficiários, pois a participação gera solidariedade e eficiência. Por isso, sem deixar de debater os rumos do nosso País e do nosso Estado, nosso principal desafio é promover, proteger e garantir os direitos humanos em Porto Alegre, envolvendo os poderes públicos e a sociedade na busca de alternativas.

Especificamente, três objetivos nortearão o nosso trabalho, Presidente: transformar a Comissão num espaço de acolhimento para todos os cidadãos que sentirem violados os seus direitos; multiplicar as parcerias com entidades e órgãos públicos que atuam na proteção e direitos e apresentar propostas concretas para problemas vividos pela população.

Conto com a colaboração de todos os Vereadores e de todos os Partidos, por entender que interesses partidários e eleitorais não podem jamais ser colocados acima dos interesses da população. Esta luta não é só da Comissão, esta luta é de todos os Partidos, de todos os Vereadores que querem uma verdadeira democracia e paz social. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. Henrique Fontana está com a palavra.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores que acompanham esta Sessão. Primeiro, quero dizer da minha alegria por voltar a ocupar esta tribuna como Vereador da Cidade de Porto Alegre, depois de passar por uma rica experiência, de um ano, como Secretário Municipal de Saúde da nossa Cidade, e destacar que o tema que me traz à tribuna, como muitas vezes trará seguramente por vontade, vocação e absoluta convicção, é o tema da saúde.

Eu ouvi atento na Sessão de segunda-feira, os pronunciamentos do Ver. João Dib e do Ver. Cláudio Sebenelo, que levantavam alguns questionamentos e algumas preocupações com relação à utilização dos recursos do SUS no Município de Porto Alegre. Penso que sempre que este debate se dá de forma democrática e aberta, e com a possibilidade de que todas as partes coloquem suas posições, seus números, seus dados, ele é absolutamente bem-vindo, porque traz esclarecimento à opinião pública e evita confusões ou informações equivocadas.

Um dos temas que tem sido debatido nos últimos quatro dias na Cidade é a chamada diminuição do número de leitos do SUS no Município de Porto Alegre. Eu quero dizer aos Srs. Vereadores e à opinião pública de Porto Alegre que, apesar de todas as dificuldades vivenciadas dentro do Sistema de Saúde Pública, que, infelizmente, vive uma crise crescente, o Município de Porto Alegre, ao longo do primeiro ano pós-municipalização, foi e é um exemplo de boa gestão com os poucos recursos que temos à disposição da população. Passo um dado que exemplifica isso de maneira cabal: no ano imediatamente anterior à municipalização da saúde em Porto Alegre, ou seja de agosto de 1995 a julho de 1996, proporcionamos à população de Porto Alegre e à população do interior do Estado - que acorre ao nosso Município - 183.180 internações. No primeiro ano após a municipalização, com um esforço gerencial para ampliar a possibilidade de internação hospitalar, já que sabemos da angústia com que milhares de cidadãos gaúchos vivem à espera de um leito público para a sua internação, conseguimos ampliar, Ver. Adeli Sell, Ver. Paulo Brum, para 188.264 internações hospitalares. Ou seja, no primeiro ano pós-municipalização, o Município de Porto Alegre conseguiu proporcionar cinco mil internações hospitalares a mais do que no ano anterior. E este número, Srs. Vereadores, é que deve falar prioritariamente em relação aos leitos, porque sabemos que é o volume de internações efetivamente feito, em cada um dos leitos disponíveis, que representa o volume de pessoas que puderam ter os seus problemas de saúde resolvidos.

Há outro tema muito comum. Outro dia eu, infelizmente sem a possibilidade de usar a palavra como uso aqui, ouvia o Dep. Federal Tarcísio Perondi, do PMDB, no programa da “Rádio Guaíba”, em Porto Alegre, usar  uma linguagem maliciosa, onde o município de Porto Alegre teria recursos sobrando daquilo que é repassado pelo Governo Federal dentro do Sistema Único de Saúde. Isso não é, absolutamente, verdadeiro.  Quero contestar e trazer um esclarecimento aos Srs. Vereadores: Porto Alegre, da mesma forma que cada um dos prestadores que compõem o SUS dentro da Cidade de Porto Alegre e que atendem a todo o Estado do Rio Grande do Sul, é um município submetido a um teto financeiro. Porto Alegre recebe todos os meses 17 milhões e 73 mil reais, mais um abono de 25%. Insistirei, Ver. João Dib, com este número, porque é sobre ele que todos os registros estão feitos no sistema do DATASUS, tanto os de faturamento como os de recursos repassados para o Município. Agregue-se 25%  a   todos os números que vou utilizar na minha fala,  porque essa é a realidade dos números finais. 

Eu ouvia  o Ver. Cláudio Sebenelo colocar uma  informação equivocada,  do meu ponto de vista, de que o Município de Porto Alegre submete o Grupo Hospitalar  Conceição a uma limitação do seu teto, não remunerando um determinado número de atendimentos que é feito dentro do Conceição. Em primeiro lugar, eu quero registrar o absoluto esforço desse Grupo Hospitalar público, que tem atendido com muita dedicação um volume muito grande de pacientes, mantendo as suas portas sempre abertas para recebê-los. Quero esclarecer que não é o Município de Porto Alegre que pode fazer o milagre da multiplicação dos pães e liberar uma espécie de teto livre aos prestadores do SUS, enquanto nós Vereadores que dirigimos este Município junto com o Executivo estamos submetidos a um teto fixo de 17 milhões e 73 mil reais. Se o gestor do Município de Porto Alegre  está submetido a um teto fixo de 17 milhões e 73 mil reais todos os meses, como poderia permitir uma conta livre conforme a demanda para todos os prestadores que formam este teto que é repassado para o Município de Porto Alegre?  Isso não é possível,  seria desastroso do ponto de vista da gestão do nosso  Sistema de Saúde na Cidade.

Trago alguns dados gerais em cima de uma preocupação do Ver. João Dib, de quanto desses 17 milhões e 73 mil reais são repassados aos prestadores de serviços. E os dados gerais indicam que, em média, durante o primeiro ano de municipalização, o repasse mensal é de nove milhões e 742 mil reais para a área hospitalar e seis milhões e 930 mil reais para a área ambulatorial. Isso dá uma demonstração clara de que a chamada diferença entre o repasse feito e aquilo que é repassado aos prestadores não chega a 500 mil reais por mês. Essa diferença também tem sido equivocadamente colocada como uma sobra de recursos. Não é uma sobra de recursos. Na verdade, há uma falta de recursos. E onde é gasta essa diferença, em números reais? Primeiro, o Município de Porto Alegre assumiu 64 unidades de saúde, 13 delas estavam totalmente desativadas e as outras 51 estavam em situação bastante precária. Para manter essas unidades funcionando é preciso garantir diversos serviços de custeio, como manutenção de equipamentos, compra de medicamentos, contratação de vigilância, limpeza dessas unidades de saúde, e, por último, a contratação que se fez necessária - que muitos Vereadores têm questionado, com o que eu concordo, e estamos trabalhando para modificar essa realidade - de quase duzentos servidores para complementar o quadro desses serviços prestados à população de Porto Alegre.

Esses valores totalizam, em números redondos: as aproximadamente duzentas contratações emergenciais, que representam 250 mil reais; a complementação salarial, ou seja, a parcela autônoma, que é paga aos servidores que foram municipalizados, de aproximadamente 82 mil reais por mês; o material de consumo e o serviço de terceiros que, eu repito, é o volume de medicamentos comprado a mais para atender essas unidades, e o volume de equipamentos, que precisam de manutenção, chegam a 400 mil reais. Isso dá uma conta da realidade que nós vencemos em termos financeiros.

Por último, eu gostaria de dizer que nós todos gostaríamos de aumentar o volume de leitos  e de internações disponíveis à população de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. E para fazer isso - como foi colocado na matéria que li nos jornais nos últimos dias, por exemplo, a Santa Casa se dispondo a ampliar o número de leitos - é preciso ter mais recursos para pagar por essas internações feitas nesses leitos.

Nós continuaremos a debater este assunto e, seguramente, poderemos encontrar os melhores caminhos para o sistema de saúde da nossa Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  toda vez que eu ocupar esta tribuna  e falar sobre a Secretaria Municipal de Saúde, vou destacar, sempre, a postura, a dignidade, a preocupação do Vereador e o respeito que eu tenho pela sua luta em relação ao melhor gerenciamento. Inclusive, sou testemunha de vários setores em que houve melhora no gerenciamento. Participei de uma polêmica sobre hemoderivados. Evidentemente, quanto melhor gerenciado, mais se economiza para a área da saúde, e mais se pode aplicar em saúde. Isso é uma política correta.

O que refiro, Ver. Henrique  Fontana, é que essa diminuição do número de leitos é um problema sério, é um problema nacional, é um problema estadual e é um problema municipal. Como houve a municipalização da área da saúde, é indiscutível que alguns benefícios da municipalização, entre eles, por exemplo: da mão-de-obra de funcionários paga pelo Estado nesses postos de saúde; a gestão dos recursos que são repassados dos Estados para as prefeituras; uma nova visão política de distribuição de verbas do Ministério de Saúde, através do piso assistencial básico e do piso fixo, mais 20% de bonificação dos 17 milhões. Eles têm algum ônus. No momento em que o processo se municipaliza é indiscutível, também, que as dificuldades do sistema de saúde passem  a ser gerenciadas pelo Município.                        

Preocupa-nos isso  e vamos, permanentemente, trazer para o debate. E toda vez que assim o fizer, fa-lo-emos com o máximo de respeito às pessoas, principalmente no que diz respeito à possibilidade de melhora, através de um novo sistema, através de uma nova política municipal de saúde.

A crítica que sempre fiz - e sempre trouxe para o debate - não foi no sentido de prejudicar ou acusar alguém. Não. É ao sistema. Isso pode ser visto nas queixas que se têm em relação ao atendimento nos postos e hospitais, principalmente em relação a uma nova sistemática de consultas.

A Câmara Municipal lhe deu, Ver. Henrique Fontana, toda a credibilidade e apoio que V. Exa. merece, quando do envio a esta Casa - nós, particularmente, apoiamos  e fomos voto favorável, só não debatemos mais o assunto por questões burocráticas, que não vêm ao caso agora -, do Projeto de criação de 164 funções gratificadas, aprovado por unanimidade por esta Câmara. As contratações de pessoal foram extremamente  justas e justificadas pelo acréscimo que teve a Prefeitura, na medida em que passou a ser semiplena. Mas também esse ônus não é do Grupo Hospitalar Conceição: atender e não serem  pagos os  atendimentos. O problema é da Secretaria Municipal da Saúde e esse problema deve ser debatido, como está sendo agora.

Louvamos a presteza e a preocupação de V. Exa. em relação a esse tipo de esclarecimento. Muitas coisas poderiam ter sido evitadas de sair na imprensa, se houvesse o simples e banal cumprimento da lei, isto é, trimestralmente, o Secretário da Saúde vir a este sodalício, como diria o Ver. Pujol, e prestar todos os esclarecimentos necessários, inclusive didáticos, para o entendimento da gravidade da situação.

Fomos testemunha do seu esforço, de que V. Exa. esteve sempre de corpo presente nesses verdadeiros enigmas da área da Saúde, em que, muitas vezes, o Governo Federal é acusado em virtude de um orçamento que é uma peça de ficção. V. Exa. sabe perfeitamente que não são os dezenove bilhões que serão aplicados, são os dezenove bilhões mais as suplementações, a partir de julho, que são executadas no Ministério, e que toda verba necessária para a Saúde tem sido destacada muito mais do que essa, na suplementação de verbas.

Então, esse  é um problema, sim. Falta dinheiro? Falta. Aonde nós vamos buscar? Vamos debater aqui. Se precisar, saímos os trinta e três Vereadores daqui e vamos ao Ministério da Saúde, vamos à Câmara Federal, vamos debater esse assunto! Se ele é de nível federal, se é de nível estadual, se é de nível municipal,  vamos debatê-lo.

É indiscutível - e isso é uma constatação - a crise  que  vivemos. Chama-se crise a ausência de um paradigma, sem ter outro para ser adotado. Ocorreu na área da Saúde, na Secretaria da Saúde, que se tornou insuficiente para fazer o que hoje os municípios deveriam fazer e que também não estão fazendo. As vítimas dessa crise não somos nós que administramos; as  vítimas  dessa crise são os nossos pacientes.

Queremos fazer um debate, não só no mais alto nível, porque essa contribuição é fundamental para que esse problema seja imediatamente solucionado, sob pena de, como sempre, a corda rebentar no lado mais fraco, ou seja, nos nossos pacientes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tenho o mais alto apreço e respeito pelo Ver. Henrique Fontana. Mas o meu querido Secretário da Saúde, Henrique Fontana, deixou-me em dúvidas, e levou-me a vir a esta tribuna  para fazer algumas colocações. Eu só posso fazer as colocações, em cima de informações  prestadas. Como o Secretário Henrique Fontana não cumpriu o disposto na Lei nº 8689, art. 12, de fazer uma exposição trimestral do que aqui ocorre com os recursos do SUS,  sou obrigado a acreditar naquilo que a imprensa traz e que não foi contestado. É por isso que eu até já fiz um Pedido de Informações, que no início desta Sessão foi lido, para que a Prefeitura informe. Um PI que não precisaria ter sido feito, porque há uma determinação legal de que, de três em três meses, deve ser informado.

A  Prefeitura é campeã em gastos publicitários, por exemplo, três milhões e setecentos e nove mil reais, só para o programa “Cidade Viva”  na televisão. E para mentir ou, pelo menos, para não dar a verdade no seu todo.

Hoje, ainda, ouvia moradores, contratados, por certo, para o programa “Cidade Viva”, dizendo que a III Perimetral é uma obra importante que precisa ser feita. Não, a III Perimetral não precisa ser feita, mas, sim, completada, pois ela está aberta em toda a sua extensão. Mas parece que tudo começou quando o Partido dos Trabalhadores chegou na Prefeitura, quando, ao invés disso, nos 10 anos em que aí está, não acrescentou um milímetro à Terceira Perimetral. O Governo não pode dar informações do modo como faz. E dizem: "A verdade deve ser a tônica do pronunciamento de todos os políticos".

O que eu leio aqui? "O Secretário Lúcio Barcelos diz que a evolução tecnológica dos exames médicos, ao lado das internações, também defasado o valor teto de 21 milhões destinados ao Município pelo Ministério da Saúde para a cobertura do atendimento do SUS pela rede hospitalar de Porto Alegre” ele diz que é insuficiente. Mas, por outro lado, eu não vi resposta para essas afirmativas: "A Prefeitura de Porto Alegre exige o atendimento universal de pacientes, mas não paga por eles além dos limites estabelecidos por ela mesma, e o excedente dos recursos está sendo gasto por ela em reforma de postos de saúde e na contratação de vigilantes". Foi isso que eu disse aqui na segunda-feira. Foi o que eu li aqui e que precisa ser respondido. Isso não precisaria ter sido falado aqui se o Secretário da Saúde ou o Presidente do Conselho Municipal de Saúde agora, trouxesse, trimestralmente,  informações à Casa.

Eu vejo que o Grupo Hospitalar Conceição contabiliza mais de 2 milhões de atendimentos pelo SUS, realizados em 97 e não pagos pela Prefeitura, gestora do Sistema na Capital, desde agosto de 96. Na Santa Casa, essa conta chega a 822 mil, entre internações e atendimentos, desde agosto de 96. Só em janeiro, 430 mil atendimentos, o Grupo Hospitalar Conceição trabalhou acima daquilo que a Secretaria da Saúde lhe impôs como limite. 

Como na administração Tarso Genro, quando a Prefeitura recebeu recursos para repasse aos hospitais, que durante quase um mês ficaram no sistema bancário, e como a Prefeitura gosta de aplicação financeira, eu sou obrigado a acreditar em todas as informações que são veiculadas, exatamente porque lei, para a Prefeitura, existe quando lhe interessa. Se a Prefeitura trouxesse as informações trimestralmente como é determinado por lei, nós não teríamos problemas. E não sou eu que digo isso pela primeira vez. O Ver. Sebenelo, com sua experiência de médico, com sua experiência de dirigente do Hospital Conceição, já disse desta tribuna que o art. 12 da Lei deveria ser respeitado, trimestralmente as contas deveriam ser mostradas. Mas parece que estamos, aqui, para dizer sim para a Prefeitura. Não. Diremos sim porque a Prefeitura muitas vezes tem coisas boas, dissemos sim para o empréstimo que ela quer fazer para a III Perimetral, e dissemos sim por unanimidade. Até tenho absoluta convicção que se usasse o superávit da Prefeitura dos exercícios de 95 e 96 teria feito muito da III Perimetral e não precisaria fazer o programa “Cidade Viva” de uma forma mentirosa ou, pelo menos, levando a crer que ninguém antes dessa Administração famosa que aí está, fez alguma coisa. A Perimetral está aberta e as contas do sistema de saúde não estão sendo mostradas. São 21 milhões, são 265 milhões no Orçamento que a Prefeitura escondeu, retirou do Orçamento dizendo que não é verba orçamentária, apesar do Tribunal de Contas ter afirmado isso.

 Então é difícil ter tranqüilidade, ter serenidade para receber informações pela metade. Mas espero - e acredito no Ver. Henrique Fontana - que as coisas cheguem a bom termo, e que essas contas virão na forma da Lei. Saúde e paz.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa  faz questão de registrar a presença, com muita satisfação para todos nós, do Sr. José Haroldo Loureiro Gomes, Diretor de Esportes do Departamento de Desportos do Rio Grande do Sul, a quem saudamos pela presença. Também o Sr. Erlo Fischer, Assessor de Projetos; Sr. Antônio Carlos Pereira, Assessor Técnico, ambos do Departamento de Desportos do Rio Grande do Sul.

Em tempos de Plano Diretor, têm aparecido arquitetos com larga experiência, como é o caso do Arquiteto Antônio Xavier da Costa, que veio também trazer algumas colaborações aos Vereadores. E o nosso colega, que até janeiro deste ano assessorou a Casa, Arquiteto Carlos Moreira Maia, que continua nos honrando com a sua colaboração, embora não seja mais técnico contratado, uma vez que ele representava o Presidente da Casa.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na última segunda-feira, ao ocuparmos esta tribuna, fizemos uma manifestação relativa ao Ginásio do Centro Estadual de Treinamento Esportivo, que, no domingo, havia caído. Na oportunidade, solicitamos ao Governo do Estado providências urgentes quanto a uma licitação para que essa obra, que caiu, fosse recuperada o mais brevemente possível. Para nossa satisfação está aqui presente, e já foi anunciado pelo Sr. Presidente em exercício, colega Ver. Clovis Ilgenfritz, o Sr. José Haroldo Loureiro Gomes, o Arataca, e mais os colegas Fischer e o Kiko, que vêm nos relatar que o Governo do Estado já abriu uma licitação e já interditou a área com tapumes, preservando a possibilidade de que alguém possa passar pelo local e sofrer alguma lesão. Acredito que as coisas, neste País, deveriam funcionar com essa brevidade, ou seja, à medida em que for constatado  algum problema, a função do Poder Público é a de resolvê-lo. Então, parabéns à atitude do Governo do Estado de fazer, o quanto antes, essa obra. E também já nos disse que, ao retorno das aulas um dos ginásios, se não for interditado, terá vida normal. E, se for interditado, as crianças não serão prejudicadas, serão transferidas para algum ginásio próximo, cuja locação será feita pelo Governo do Estado; bem como as crianças do Mané Garrincha também terão, para as suas aulas de Educação Física, transporte gratuito por parte do Estado. Então, nós gostaríamos de fazer esse relato, parabenizando também os Vereadores Luiz Fernando Záchia e Clênia Maranhão, que nos ouviram na oportunidade em que fizemos a nossa manifestação.

Aproveitamos a oportunidade também para pedir - e agora para o Executivo Municipal - solução para um problema que está ocorrendo cada vez com mais seriedade. Aproveitamos a aprovação do atual Código Nacional de Trânsito para pedir que o Governo Municipal implante, o quanto antes, uma Área Azul junto à Rodoviária. A Rodoviária  de Porto Alegre não tem Área Azul, é uma dificuldade para qualquer pessoa estacionar o seu veículo nas imediações. Primeiro, porque não consegue estacionar. Existe um local ali para carga e descarga cujo tempo de estacionamento é muito curto. Se a pessoa deixa o seu carro e vai comprar passagem, no retorno, hoje, por essa nova legislação, o seu carro será guinchado. E, ao mesmo tempo, nos locais próximos, as pessoas estão sendo extorquidas. Então, a nossa solicitação é para que, o quanto antes, a Secretaria Municipal dos Transportes, juntamente com o Sr. Prefeito, implante uma Área Azul nas proximidades da Rodoviária. Esta é a nossa solicitação e  temos  certeza de que, como ocorreu com o Governo do Estado, a Bancada petista, na sexta-feira, vai ocupar este espaço para dizer que está saindo uma Área Azul na Rodoviária. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Henrique Fontana está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, voltamos à tribuna para continuar o debate que iniciamos há pouco, que teve a fala do Ver. Sebenelo e do Ver. João Dib. Mas antes quero destacar, já que havia esquecido de registrar antes, a preocupação da Vera. Tereza Franco, que nos procurou - e reconheço, sim, que foi há muito tempo - com a preocupação correta de que houvesse algum tipo de cobertura no PAM-3 para pacientes que estão aguardando a abertura dos serviços. Essa cobertura está  incluída em um projeto mais amplo, inclusive, de reforma geral de uma área do PAM-3, onde vai haver uma policlínica básica para atender quase 50 mil pessoas. Junto com essa licitação, será incluída a licitação da cobertura que atenderá a preocupação correta da nobre Vereadora. Esperamos que, em breve, essas obras estejam iniciando; seguramente, dentro de 30 ou 60 dias, no máximo.

Outra questão, que tanto o Ver. João Dib como o Ver. Cláudio Sebenelo levantam, é a chamada prestação de contas trimestral na Câmara por parte do Secretário Municipal da Saúde. Primeiro, eu gostaria de dizer a todos os Vereadores e à opinião pública de Porto Alegre que todos os números do Fundo Municipal de Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde e, aliás, de toda a Prefeitura são informados e tornados públicos, mensalmente, a todos os Vereadores através dos balancetes enviados à Câmara Municipal de Porto Alegre. Segundo, reconhecer que, se for possível organizar a prestação de contas mais específica dentro desta Câmara, isso será feito, porque quanto mais divulgadas as contas públicas, melhor para as pessoas que querem uma gestão pública qualificada. Não há e não havia nenhuma contrariedade minha, enquanto Secretário, em fazer essa prestação de contas. Quero só destacar que ela nunca foi feita, em nenhuma época, e não houve nenhuma intenção de evitar qualquer tipo de conhecimento dos números do Fundo Municipal de Saúde ao não vir à Câmara especificamente para tratar desse assunto. Aliás, sempre que procurado por qualquer um dos Vereadores, discutimos todos os assuntos que era necessário ser esclarecidos.

Ver. João Dib, a outra questão que perpassa a sua preocupação é de que a Prefeitura precisaria  ampliar a capacidade de internações hospitalares. Quero dizer a V. Exa. que a Prefeitura tem toda a vontade do mundo em ampliar as internações hospitalares; mas, tem que ficar claro perante a opinião pública que não se pode, de maneira nenhuma, vender a ilusão para a população de que os orçamentos municipais poderão suplementar a falta de recursos vindos dos orçamentos federal e estadual para a área da saúde. Nós estamos proporcionando o máximo possível dentro dos 17 milhões e 73 mil reais por mês que são repassados ao Município de Porto Alegre.

Aproveito, Ver. Cláudio Sebenelo, e volto ao tema do Grupo Hospitalar Conceição: não houve nenhuma diminuição dos recursos disponibilizados àquela instituição em relação ao ano imediatamente anterior à municipalização; ao contrário,  houve até um pequeno incremento nesses  recursos. Agora, sabemos que não é suficiente o repasse feito ao Grupo Conceição, porque um volume de pacientes cada vez maior está procurando os serviços de Porto Alegre por conta de não conseguir atendimento nas suas cidades de origem. Dou um exemplo: quando se estabeleceu o teto de Porto Alegre baseado numa série histórica, o Hospital de Viamão atendia pelo SUS. Mas, depois que a municipalização foi feita, o Hospital de Viamão se descredenciou e não atende mais pelo SUS. E esses pacientes que eram atendidos em Viamão - e cito como  exemplo essa Cidade, mas poderia citar tantas outras do interior do Estado, onde o descredenciamento é progressivo, infelizmente - são atendidos, agora, aqui, e isso sobrecarrega mais o sistema de Porto Alegre, que não tem uma contrapartida financeira para suportar essa sobrecarga. Um tema fundamental - e dizia o Ver. Sebenelo na última Sessão - é que o que leva ao descredenciamento do SUS  é esse eventual não-pagamento de uma parte dos serviços prestados, que a Prefeitura não pode cobrir, porque ela não pode fazer o "milagre da multiplicação dos pães"; ela também está submetida a um teto. Agora, o que leva, sim, ao descredenciamento progressivo de diferentes prestadores do SUS é a defasagem brutal da tabela do SUS. Uma consulta médica, hoje, é remunerada em torno de R$ 2,50; um parto normal em torno de R$ 120,00 - isso é o que leva a um descredenciamento progressivo de diversos prestadores conveniados que sobrecarrega as estruturas puramente públicas, como, por exemplo, o Grupo Conceição, o Hospital de Clínicas e o próprio Pronto Socorro, pois todos eles recebem outras verbas além do repasse  do SUS, ou seja, ou do Município ou do Governo Federal.

Por último diria, Ver. João Dib, que não quero entrar hoje no debate da publicidade da Prefeitura, mas deixo apenas um recado que para mim é suficiente:  prefiro ficar com o bom senso da população que certamente está vendo o absoluto  exagero do volume de publicidade do Governo Britto, que V. Exa. apóia, e saberá comparar como estão sendo usadas as verbas publicitárias de cada governo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, deixando de lado os gastos publicitários do Governo do Estado, que não me competem, mas levando em conta as declarações do Diretor-Presidente da PROCEMPA, de que seria interessante conhecer as contas da Câmara Municipal, solicito à Mesa informações urgentes sobre como está sendo encaminhada a matéria solicitada pela Presidência desta Casa, com a presença de alguns Líderes, para que as contas da Prefeitura fossem abertas através do sistema de computação. Como não recebi nenhuma resposta, não tenho conhecimento de mais nada e fui convidado para a reunião há quase um mês.

 

O SR. PRESIDENTE: Esse assunto, a rigor, foi discutido com a presença de alguns membros da Mesa e algumas Lideranças, com a presença do Vice-Prefeito José Fortunati, do Presidente da PROCEMPA. Naquele momento foi combinado que eles fariam levantamento de dados técnicos para a possibilidade de ingresso, o mais breve possível, do sistema de computação da Câmara para os dados referentes à Secretaria da Administração e à Secretaria da Fazenda, que foram as duas mais solicitadas. Este estudo está sendo realizado, não tive conhecimento de alguma resposta. O assunto está sendo encaminhado, não foi há um mês,  mas há  duas semanas.

 

O SR. JOÃO DIB:  Sou grato, realmente deve ter sido no fim do mês de janeiro.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicitarei ao nosso Presidente, Ver. Luiz Braz, uma resposta o mais breve possível ao seu Requerimento.

 

O SR. JOÃO DIB: Como estamos na era dos computadores, eu imaginei que havia mais facilidade.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a informatização feita na Casa, tudo será possível, vai depender do outro lado da linha. Pela informação dada, tecnicamente, com a informatização da Casa, isso será possível.

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no apagar das luzes de 1997, pairou dúvidas a respeito do Hospital de Pronto Socorro. Repentinamente, surgiu uma onda de descrédito com relação a esse Hospital que nos causa muito desvelo e do qual nos orgulhamos muito. Essa onda era voltada não sobre a qualidade de seu atendimento, oriundo das suas equipes técnicas. Não, essa onda, esse clima, eram originários do equipamento do Hospital. Repentinamente, Porto Alegre estatelou-se. O Hospital de Pronto Socorro que sempre foi uma segurança das famílias, surgia como uma dúvida. Esse Hospital podia não atender alguém que precisasse, como a criança, que, na verdade, é o quadro mais lancinante de uma família. Então, desloquei-me por quatro manhãs para esse Hospital, e fiz como autoridade pública que sou, quatro inspeções, não técnicas, inspeções do interesse de um Vereador e em nome dos Senhores. E entreguei na última manhã um Relatório a Sua Excelência, o então Presidente Clovis Ilgenfritz com uma série de alterações que eu havia constatado “in loco¨, fazendo a última inspeção, ou seja, eram dezesseis horas de trabalho e Sua Excelência teve a dignidade de entregar isso ao Prefeito. Eu recebi uma resposta que penso interessar ao povo de Porto Alegre, porque essas inspeções foram anteriores a ida do ilustre Kremer, tendo à frente o Dr. Becker para fazer uma inspeção técnica. E o  Sr. Diretor Carlos Eduardo Paes deu-me uma noção do que na verdade ocorria com o Hospital, o que passo a ler, embora seja enfadonha a leitura para V. Exas., porque é de interesse de todos os Vereadores, para poderem responder e dizer: "Afinal de contas, o que há com o Pronto Socorro?"

(Lê.)

"É com prazer que destino esta singela mensagem a V. Sa., historicamente comprometido com o HPS. O propósito desta mensagem é dar-lhe conhecimento das medidas adotadas no corrente 97, e também aquelas adotadas, anteriormente, às visitas efetuadas pelo eminente Vereador a este  nosocômio.

Aproveito a oportunidade para tecer algumas considerações sobre alguns aspectos que V. Exa. identifica com problemas, que devem ser resolvidos agora, mas também devemos considerar a necessidade da existência de outros protagonistas nesse processo de melhoria da situação de saúde em nossa Cidade e em nosso Estado.

1. Endoscopia digestiva: já estava em andamento o processo de compra das pinças necessárias. Houve atraso por falta de apresentação de propostas, após três licitações consecutivas. Atualmente, o equipamento está disponível. Por outro lado, é fundamental  a organização do sistema de atendimento aos pacientes com hemorragia digestiva na Cidade. Nenhum hospital possui plantão para tal procedimento. Nossa proposição é de adotarmos um plantão rotativo entre os vários hospitais, sempre oportunizando a que um deles tenha profissionais destinados especificamente para essa finalidade. O transporte do paciente de um para outro hospital estaria sob nossa responsabilidade.

2. Broncoesofagoscopia: temos equipamentos com mais de vinte anos de uso. Alguns dos componentes estão desgastados ou inoperantes. Havíamos encaminhado  compra de um fibrobroncoscópio em 1997, mas a mesma foi suspensa por apresentação de preço por uma única empresa, em valores muito acima do mercado. Atualmente, estamos em processo de compra direta do equipamento e de diversos componentes acessórios, em valor de cerca de R$ 63.000,00. Eles permitiram a plena utilização em adultos e crianças de qualquer idade. O fluxo atual de pacientes pediátricos está estabelecido com o Hospital da Criança Conceição.

3. UTIs: possuímos três Unidades de Tratamento Intensivo (UTI Traumo, UTI Queimados, UTI Cardioclínica), com um total de 27 leitos disponíveis. Suas considerações sobre as Unidades  foram as seguintes: goteira na sala de balneoterapia da UTI de queimados, falta de respiradores, equipamentos de monitorizações, fluxo de acesso às Unidades obstruído por armários”. Tudo isso eu vi, não sendo médico. V. Exas. devem dar este desconto. “Efetivamente, nosso Hospital possui 54 anos e existem áreas que estão estranguladas por ocorrência de aumento de área assistencial e de apoio técnico-administrativo. Adicionalmente, algumas áreas necessitam reformas estruturais e de fluxo. A UTI de Queimados está em processo de reforma de sua área física, e estão sendo instaladas redes de gás e de iluminação. Atualmente, apenas dois dos seus leitos possuem toda a estrutura de fornecimento de gás necessário. Além disso, está instalando um gerador próprio para a área, pois consideramos essencial que esta Unidade esteja protegida contra cortes de energia elétrica. Isto propiciará uma melhoria considerável desta Unidade. A área de balneoterapia, assim como o bloco cirúrgico e os quartos dos médicos daquela UTI estão no mesmo processo de reformas”. Eu notei que os quartos  dos médicos, principalmente o do encarregado de neurocirurgia não tinha iluminação e nem as camas eram adequadas.

“Quanto aos respiradores, o Relatório de Avaliação do Conselho Regional de Medicina identificou a necessidade de mais seis respiradores ciclados a volume, estamos adquirindo oito destes equipamentos e recebemos dois em processo de doação, por parte da Petrobrás, totalizando dez”.

Evidentemente que eu fiz uma inspeção, sem ser técnico, antes do CREMERS.

“Sobre os monitores hemodinâmicos, consideramos que esta necessidade é real, e estávamos em processo de aquisição de três monitores multiparâmetros, que fazem o controle não só das freqüências cardíaca e respiratória, mas também a oxigenação e quantidade de CO2 presente no paciente. A PETROBRÁS também fez a doação de um destes equipamentos. Posteriormente, encaminhamos, e tivemos aprovada, a compra de mais seis destes equipamentos, totalizando dez monitores. O relatório do CREMERS  identifica a necessidade de cinco destes para as UTIs”.

Eu não posso continuar a ler, por ser por demais extenso, mas apenas tenho que avisar ao Plenário que aquilo que eu disse aqui, eu tinha razão.

Por fim, diz o Diretor Carlos Eduardo Paes: “dentre os principais processos, estamos iniciando neste ano a criação da 1ª UTI Pediátrica, especializada da América Latina”.

Então é muito importante, Ver. Renato Guimarães, Presidente da Comissão de Saúde, que o Diretor dê esta resposta a um Vereador, encaminhada estas sugestões que foi por V. Exa. Fico muito satisfeito e dizia na Assembléia, como Deputado, que uma das maiores lacunas do Poder Legislativo é não obter resposta do Poder Executivo. De qualquer maneira, dou-me por satisfeito sabendo que todas as respostas não estão aqui, e que o Ver. Cláudio Sebenelo, por certo como médico, há de dar os descontos necessários para este meu regozijo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu queria congratular-me com o Ver. Pedro Américo Leal, e também com a resposta, que nós prontamente enviamos, inclusive afixamos no ofício, que foi enviado à Prefeitura Municipal, o original que V. Exa. nos entregou, em que estava totalmente grifado com algumas observações, o que, no nosso entender, contribuiu e muito, para o entendimento da matéria e a pronta resposta. Sinto-me bem em ter contribuído.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Em primeiro lugar, quero parabenizar o Ver. Pedro Américo Leal pelo seu pronunciamento e a sua persistente preocupação, e sei que falo também em nome do Ver. Henrique Fontana e de todo o Partido dos Trabalhadores

Meu Presidente e meus caros colegas Vereadores, quero aqui trazer neste quase início de ano legislativo, uma preocupação com a nossa Cidade. Neste ano, quero comprometer-me, mais do que nunca, mais do que no ano passado, até porque um ano sempre é um ano de aprendizado, para tratar de questões particularmente do Centro da nossa Cidade. O Ver. Nereu D'Ávila presidiu e eu fui o Relator da Comissão Externa que cuidou da questão da revitalização do Centro de Porto Alegre e o Vereador vai pedir a reabertura desta Comissão. Quero dizer que vamo-nos engajar como nos engajamos no ano passado nesse processo, porque nenhuma cidade pode funcionar devidamente se o seu centro, que é o seu pulmão, não estiver devidamente funcionando. Assim é o Centro de Porto Alegre, pela configuração histórica de nossa Cidade, pela sua cultura, o Centro não é apenas um lugar de convergência das pessoas, mas também é um centro de convergência sócio-cultural. Claro que temos problemas, e temos alguns problemas gravíssimos, eu diria, mas que só poderão ser enfrentados com uma Câmara de Vereadores vigilante e, fundamentalmente, propositiva. A oposição também tem que ter esse papel, a oposição não pode apenas demarcar com o Governo, é uma justa função da oposição, tal qual nós, muitas vezes, demarcamos com o Governo Federal, com o Governo Estadual. Mas nós temos apresentado propostas, nós temos apontado soluções e temos dito como nós faríamos se estivéssemos na circunstância - e esperamos que estejamos no ano que vem - de governar o Estado e a Federação.

 

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu, antes de mais nada, quero cumprimentar V. Exa. pela preocupação que tem tido com o resgate do Centro da Cidade. Agora, já que V. Exa. trouxe esse assunto à discussão, eu gostaria de trazer uma questão que certamente V. Exa. não endossa. Infelizmente, o Prefeito Raul Pont e o seu Secretário da Indústria e Comércio - o "vice-rei" do Centro da Cidade - não tomam as medidas necessárias para permitir que os pedestres e aquelas pessoas que acorrem ao Centro da Cidade possam circular  tranqüilamente pela Rua da Praia. Não é possível, Vereador, ter-se agora, como nós vamos inaugurar uma idéia que nasceu aqui dentro desta Casa, o Centro 24 horas, e ao lado  do Centro 24 Horas termos um camelódromo que ocupa todo o espaço da pedra. E, mais grave ainda, naquele espaço que pertence ao patrimônio público. Infelizmente com o desconhecimento, com os olhares desviados por parte da SMIC, que ignora a verdadeira condição, estão transformando o patrimônio público em patrimônio particular.

 

O SR. ADELI SELL: Agradeço o aparte a V. Exa. Reconheço, na sua intervenção, a justeza da preocupação. Mas quero desde já adiantar a V. Exa. que há, sim, por parte do Poder Público Municipal, uma preocupação atinente à questão. O Centro 24 Horas, que nós queremos inaugurar durante a Semana de Porto Alegre, será um novo referencial para a Capital dos gaúchos, como também já foi, num passado recente, a retomada do Mercado Público; como eu tenho certeza que será a Praça da Alfândega e a revitalização da Praça Brigadeiro Sampaio, com sua tradicional feira gastronômica aos sábados, que é a Feira da Cidade Antiga.

 

O Sr. Nereu D'Ávila: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só gostaria  de dizer que em relação ao Centro nós temos um pensamento em comum. Estamos trabalhando e faremos todo o possível para reconstituir a Comissão do ano passado, porque ainda há muitos problemas a serem resolvidos. A Rua 24 Horas estará inaugurada ainda no mês de março, mas há outros problemas que devem ser abordados,  por isso, nós continuaremos labutando em relação a essa problemática do Centro da Cidade como, de resto, de toda a Cidade.

 

O SR. ADELI SELL: Agradeço  a V. Exa., pelo aparte,  pode ter certeza de que a Bancada do PT estará permanentemente trabalhando nessa Comissão presidida por V. Exa.

Quero dizer ao Ver. Isaac Ainhorn, com relação à sua preocupação com os camelôs no Centro, que nós temos um grave problema social, que vamos ter que enfrentar cada vez mais. E vamos ver que esse problema ainda aumentará, mas nós estamos buscando soluções. Ver. Isaac Ainhorn, nós vamos apresentar outros lugares, outras soluções para que o trânsito, a trafegabilidade, principalmente, o lugar do pedestre seja assegurado no Centro da nossa Cidade. No entanto, temos que buscar juntos, talvez essa Comissão possa ser um elemento importante na  busca de  saídas para esse tipo de atividade. Além dessa questão dos camelôs no Centro da Cidade, da necessária recuperação da Praça da Alfândega, da revitalização da Feira da Cidade Antiga, temos que  pensar numa verdadeira campanha para a visitação do Mercado Público. Tenho a palavra empenhada do Secretário Municipal de Educação do Município, que vai fazer com que as escolas municipais visitem o Mercado Público, porque há muitas crianças da periferia que não conhecem o nosso Centro, elas devem vir para conhecer aquele que é o símbolo de Porto Alegre, o nosso Mercado Público.  Temos também preocupações com a segurança  pública, porque foi um dos elementos que mais apareceu nesse  nosso debate. Então, sistematicamente, temos levantado  ao Coronel Bonetti essas questões, essas preocupações. Quero apontar uma delas: tivemos avanços significativos no cuidado com o Viaduto Otávio Rocha, no entanto, temos graves problemas no entorno da nossa Ponte de Pedra e aquela redondeza em termos de segurança pública, isso faz parte ainda do Centro da nossa Cidade. Finalmente, quero  apontar um trabalho importante que o Secretário Municipal do Meio Ambiente está fazendo, o  Secretário Hideraldo Caron, para que tenhamos no Parque da Harmonia um verdadeiro parque temático nessa importante região da nossa Cidade. No Orçamento Participativo,  na questão do desenvolvimento econômico da região centro,  gostaria de não estar sozinho, como Vereador, junto à população, tenho certeza de que outros Vereadores  estarão conosco  reivindicando questões importantes para o Centro da nossa Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É simples  resolver o simples, diria o Ver. João Dib. Dentro dessa linha de raciocínio, sobre o Centro da  Cidade, não há necessidade, Ver. Elói Guimarães, de se fazer a constituição de Comissões,  basta tomar algumas  providências efetivas que a Administração Pública  pode concretizar.

O Ver. Adeli Sell, que é uma figura extraordinária e que já conquistou a simpatia deste  Parlamento nesse breve tempo que tem desempenhado seu mandato, já justificou que o PT quer os camelôs no centro da Cidade.

O velho populismo, aquele populismo, Srs. Vereadores, que tanto nos criticavam, o ideólogo do populismo chama-se - o militante e dirigente do PT que consegue fazer o máximo, ou seja, conseguiu escrever um estudo que se tornou célebre na literatura da esquerda,  na Revista da Editora  Civilização Brasileira, "O colapso do populismo do Brasil" - Sr. Francisco Befor. E onde está, Ver. Elói Guimarães, o militante do PT, Ministro Francisco Befor?  O Sr. Francisco Befor é excelência, ele é Ministro da Cultura do Governo Fernando Henrique Cardoso.

O Ver. Adeli Sell não quer me ouvir, ele se virou de costas e nega a atenção que eu gostaria de ter neste debate parlamentar. Pois a prática que o PT está adotando, na Cidade de Porto Alegre, é do velho populismo corroído de dar sustentação aos camelôs, certamente, em nome de um interesse maior, que é o interesse político-eleitoral, porque outro não seria. A Cidade impõe  uma organização mínima.

Eu estive três dias à frente da Prefeitura Municipal, respondendo interinamente, e convoquei o Secretário Municipal da Indústria e Comércio, Sr. José Moraes, a irmos até lá. Ele reconheceu que a Lei estava sendo violada, que os camelôs estavam lá, ameaçando o mais sagrado direito constitucional dos cidadãos, isto é, o direito de ir e vir.

Não precisa comissão para fazer isso, Vereador. O simples se resolve com o simples, basta cumprir a lei. Em segundo  lugar:  Mercado Público. Fui lá e elogiei as novas obras, participei da  sua inauguração. No entanto, não é levando as crianças para o Centro da Cidade que se faz um aquecimento da economia do Mercado. Sim, é um bom  programa levá-las para conhecer aquele patrimônio histórico-cultural; mas é com medidas efetivas e tão inteligentes quanto àquelas que a iniciativa privada sabe fazer, em relação aos seus portentosos “shopping centers”. Certamente, o Ver. Adeli Sell é um freqüentador dos “shopping centers”; não é demérito nenhum o cidadão ir ao “shopping”, fazer comprar, ir aos cinemas, ir à praça de alimentação. Diria, o Ver. José Valdir, na crítica aos “shopping centers” - e já disse aqui - que é contra os “shopping centers” por ser a expressão dos tempos de consumo. Pois, quero dizer a V. Exas. que o poder público tem que ser competente. É a questão das privatizações; por que a onda privatista?  Infelizmente, as empresas públicas têm sido mal geridas, o que ensejou essa onda privatizante que avassala o País. É essa a nossa realidade! É a realidade, muitas vezes, daqueles que não controlam efetivamente o que é seu.

Concluo, Sr. Presidente, reiterando que o "simples se resolve de maneira simples", desde que haja boa-vontade política e administrativa para resolver essas questões. Até comissão não precisaria, pois, para  resolver o problema da Cidade  bastam algumas medidas imediatas; uma reflexão sobre o Mercado Público e formas de agilizá-lo: abrindo aos domingos, fazendo um brique no Largo do Glênio Peres; até colocando os camelos lá, retirando-os da Rua da Praia. Isso devolveria a Rua da Praia às pessoas que por ali transitam. Mas parece-me que não há interesse político nessa medida que teima em permanecer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Esse período  de recesso permitiu a este Vereador, fundamentalmente, percorrer alguns municípios do Estado, posto candidato a deputado federal, pretendente a uma cadeira na Câmara Federal, e pudemos colher todo um material para fazer uma avaliação do quadro sócio-econômico gaúcho e, de resto, brasileiro.

Eu diria que estamos mergulhados na crise. Então pretendo, ao longo de algumas intervenções, trazer para o debate da Casa, pela importância que a Casa representa para a Cidade e também pela oportunidade que ora temos de levar o debate ao conhecimento de um número de pessoas que acompanham a TV Câmara,  essas questões importantes, fundamentais, que envolvem as pessoas.

Um dado, um indicador que seria o bastante para atestar que estamos numa crise de razoáveis proporções é o desemprego.  O desemprego, eu não acredito que tenha os índices dados pelos organismos oficiais, porque a gente conversando, e não estou trazendo nenhuma novidade aos presentes e aos Srs. telespectadores da TV Câmara, vê que o número de pessoas, hoje, desempregadas em  nosso Estado e em nosso País, é assustador. Nós temos, o correspondente ao Município de Porto Alegre, desempregados em São Paulo: acima de um milhão de pessoas estão desempregadas na Cidade de São Paulo. Em nosso Estado, dificilmente, encontraremos numa família, hoje, alguém que não esteja desempregado.

Mas a que devemos, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esse indicador da crise? É evidente que alguns dados se impõem colocar. O progresso tecnológico substituiu a mão-de-obra, isso ocorreu em nosso País e, de resto, em todos os países. A tecnologia tem sido, a par de suas grandes contribuições à perfeccionabilidade das coisas, um instrumento concorrente à mão-de-obra. E, no passado, não faz muito, nós andávamos pelo campo, por exemplo, pelo Rio Grande, passávamos pelas granjas, e viam-se pessoas, contavam-se 50, 100 trabalhadores do campo, cortando arroz. Hoje, lá está uma ceifadeira, substituindo esta mão-de-obra.

Então, nós temos este processo tecnológico marginalizando, levando à margem do mercado de trabalho a mão-de-obra, este é um dado. Mas, concorre, ao lado deste dado, uma crise que decorre da recessão. É um dado que me parece concreto. Nós detectamos nesta ponta da crise, que é o desemprego, a recessão. E não estamos vendo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, preocupações do governo, sérias, concretas e objetivas, no sentido de buscar meios, formas e recursos para debelar esta verdadeira chaga social. Talvez só a guerra deteriora mais o ser humano, porque não tendo as condições mínimas de sobrevivência digna, essa pessoa passa a buscar outras formas, formas que nós todos conhecemos, que a crise também nos traz: o aumento da delinqüência. É outro indicador de que nós estamos mergulhados numa profunda crise.

Sr. Presidente, eu vou manter este debate. Quase que de forma sistemática, eu virei a esta tribuna para analisar essa questão, que eu considero fundamental. Não que as outras questões - a local ou mesmo a regional - não tenham importância, mas essa é uma questão central, é fundamental para as pessoas, para os chefes de família que perdem o emprego, para toda uma faixa de jovens que estão saindo das universidades, que estão prontos para o mercado de trabalho, e que não estão encontrando trabalho. É de se indagar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores: "Que País é este em que as pessoas não encontram emprego? " E ninguém quer salário, ninguém está à procura de vantagens; as pessoas querem trabalhar. Nós temos que examinar todo esse conjunto de indicadores para ver, Ver. Pedro Américo Leal, Ver. João Dib, Vera. Clênia Maranhão, onde é que se localizam as causas dos fatores que devem preocupar e estão preocupando a sociedade.

Andando por muitos municípios, constato que não há lugar em que o desemprego não seja uma realidade -  e eu não estou trazendo nenhuma novidade, senão registrando fatos. Todos os Vereadores que andam, que discutem, que debatem as questões estão encontrando, a cada passo: "Não há emprego".  Experimentem colocar uma plaquin ha: "Emprega-se" para esta ou aquela atividade para, no dia seguinte, todo o quarteirão ser tomado por pessoas em fila em busca até mesmo de um salário mínimo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O próximo inscrito em Comunicações é este Vereador, que cede seu tempo à Vera. Maria do Rosário.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Quero colocar uma dúvida: as inscrições são feitas no início da Sessão, se alguém desiste, passa para o seguinte.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, V. Exa. é o Vereador com mais tempo nessa Casa, mas no Período de Comunicações, nas segundas-feiras as inscrições seguem ordem alfabética, nas quartas-feiras é pela ordem de inscrição, a partir do momento que se constata quórum para iniciarmos a Sessão. O Regimento dispõe no capítulo do Período de Comunicações que este tempo pode ser repassado a outro colega. Se não estiver presente, o Vereador Líder da Bancada pode fazer este tipo de movimentação. É diferente do período de Pauta. Isso com base no art. 184 do Regimento.

 Acolho a dúvida de V. Exa. e respondo, com toda a tranqüilidade, que esse é o procedimento correto.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, aceito a explicação, ainda fico com a dúvida levantada, não estou criticando nada, gostaria que posteriormente ela fosse esclarecida.  Aceito a decisão da Mesa.

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muitos temas foram trazidos a essa tribuna no dia de hoje, referentes a questões que estaremos, nos próximos dias, analisando; o Ver. Fernando Záchia com a questão da concorrência pública: o Ver. Pedro Américo Leal com as questões do HPS - e já estamos promovendo uma visita do Secretário Municipal da Saúde, Lúcio Barcelos, no sentido de que os Srs. Vereadores, nos seus próprios gabinetes, possam analisar e debater essa questão.

Outro tema me trouxe à tribuna, nesse Período de Comunicações, período que também vale para nós Vereadores e para a Cidade de Porto Alegre como um momento de reflexão das grandes questões, que são pauta para toda a população, inclusive para a nossa Cidade. Nós já estamos, há alguns dias, no início da vigência do Código de Trânsito Brasileiro, e podemos, sem dúvida, comemorar alguns dados que apontam à diminuição dos acidentes nas estradas. Esse é um tema que deve nos mobilizar, considerando o enorme e absoluto número de pessoas vitimadas todos os anos no trânsito, especialmente nesse período de férias. No entanto, Srs. Vereadores, a reunião do CONTRAN, ontem, em Brasília, apontou algumas modificações que, permitam-me referi-las de forma crítica. Ocorre que o jornal "Folha de São Paulo", no dia 11 de fevereiro, na semana passada, alertava que uma negociata poderia estar sendo gestada em torno da obrigatoriedade do uso de selo nos automóveis. Esse selo, que todos nós estávamos obrigados a usar, e que num momento, a partir de 23 de janeiro, quando entrou em vigência o Novo Código, o próprio CONTRAN, por considerá-lo absolutamente desnecessário, dispensável, sem nenhum valor nas relações estabelecidas dentro do código, dispensou-nos de usá-lo. Então, a reunião do CONTRAN,  posterior ao dia 23, definiu pela desobrigação em relação ao selo, mas vários "lobbies", como nós já estamos nos acostumando e permanentemente nos indignando, pautaram o Congresso Nacional e o poder em Brasília, nos últimos dias. Vejam que no dia 11 a "Folha de São Paulo" apresentou um elemento de que o Deputado Federal Delfim Neto, do PPB,  fez movimentos junto ao Ministro da Justiça, Íris Resende, Presidente do Conselho Nacional de Trânsito, no sentido de que os brasileiros, todos, fossem obrigados novamente a usar esse selo. Será, Srs. Vereadores e a população que nos escuta, que o Dep. Delfim Neto tinha algum interesse na segurança ou alguma coisa assim? Absolutamente! As razões apresentadas pela "Folha de São Paulo" deixaram-me estarrecida, porque, de fato, as  previsões ocorreram,  de que o sobrinho do Ministro Delfim Neto é o dono da empresa que faz a impressão do selo.

Vejam V. Exas. a situação que vivemos como contribuintes, como população, quanto ao “lobby” no Congresso Nacional em torno das medidas nefastas da Reforma da Previdência, que nós denunciamos aqui nesta tribuna e que acabaram com a aposentadoria por tempo de serviço; que penalizaram os trabalhadores; medidas que não beneficiam ninguém e sobre as quais nenhum trabalhador, nem a CUT, nem a Força Sindical, nenhum trabalhador foi consultado através das suas organizações.

 No pacote da Reforma da Previdência, o Dep. Federal Delfim Neto articulou a volta do selo obrigatório trocando votos dentro do Congresso Nacional. Para alguns pode ser muito pouco, mas para nós é um absurdo, 15 milhões de reais por ano serão agregados no valor que cada um de nós paga pelo seguro obrigatório. E esse valor será transferido para uma Empresa chamada Nomeflex Indústria e Comércio Ltda, responsável pela impressão do selo, cujo dono é esse Senhor Mário Nicoli, milionário com os recursos de todos os cidadãos brasileiros, sobrinho do Delfim Neto e, também, para a 3M,  que é uma multinacional, fabricante  da  película.

Então, Srs. Vereadores, esse o caminho para se jogar fora uma Legislação que vem  para melhorar a vida do cidadão. Esse é o caminho: desprestigiar o Congresso Nacional; esse é o caminho para macular as relações políticas deste País. E o maior absurdo é que, certamente, esta Vereadora e os Senhores não leram sozinhos essa matéria, o Poder Judiciário fez, o Ministério Público fez essa leitura. E essas instituições, pelo  bem das relações e da ética na política, deveriam ter uma atitude  firme em relação ao Dep. Delfim Neto e às negociatas envolvendo, inclusive, o Ministro da Justiça.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Vereadora, eu não vou falar já no selo de vistoria, que hoje é obrigatório; mas quero dizer a V. Exa., que começou a falar em Código Nacional de Trânsito, que eu quero cumprimentar a Administração Municipal pela instalação da JARI - Junta Administrativa de Recursos de Infrações. Essa é uma medida correta da Secretaria Municipal dos Transportes e da Administração. Eu cumprimento.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Vejo na fala do Ver. João Dib a preocupação da Administração Municipal de incorporar no debate, e com agilidade, já no dia 23 de janeiro, todas as condições para o início da gestão municipal, referente ao Código Nacional de Trânsito. 

Esse esforço que os municípios fazem, esse esforço que Porto Alegre faz através da SMT, esse esforço que a Câmara Municipal fez, aprovando a constituição de  uma nova organização do trânsito em Porto Alegre, no final do ano passado, tudo isso, que é o esforço de cada município deste País e de cada cidadão, fica em contradição com a forma absolutamente sem ética com que essas relações se estabelecem em Brasília.

Quando falamos em 15 milhões de reais, nós estamos falando em muito mais do que o Governo tem despendido para o atendimento público, inclusive de educação para o trânsito e de melhoria das condições em muitas das nossas estradas do Estado.

Por fim, quero dizer que a falta do selo que estão nos obrigando a usar, a partir dessa nova deliberação do CONTRAN, será considerada infração gravíssima, punível com 180 Unidades Fiscais de Referência. O cidadão brasileiro com a privatização das estradas tem aí a situação da privatização do seu direito de ir e vir. Para andar pela “freeway” nós já pagamos quatro reais mais, se passarmos de Eldorado.

Concluo querendo compartilhar com meus colegas Vereadores, agradecendo mais uma vez ao Ver. Juarez Pinheiro, essa indignação, que cada um de nós responde, também, pelos projetos nacionais e pela postura nacional dos nossos partidos. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Ver. Elói Guimarães trouxe a esta tribuna, seguramente, um tema dos mais preocupantes para toda a população brasileira  e  para as populações que vivem este final de século em todos os continentes, que é a questão do desemprego.

Evidentemente que, enquanto Casa política, devemos sempre nos reportar a essas questões de fundamental importância para a vida das pessoas. Um pouco contraditória a posição tomada nas manifestações anteriores pelos Vereadores Gerson Almeida e Guilherme Barbosa, que externaram suas insatisfações com as políticas de industrialização desenvolvidas pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, trazendo novos empregos e  atraindo novos investimentos para o Estado. Porém não me deterei nesse tema, porque acredito que o que estamos discutindo são duas formas de fazer política.

Há políticos que acham que, quando o Estado conquista novos investimentos e se desenvolve, temos que comemorar independente do partido que está no Governo. Há políticos que não, que acham que se as indústrias, os empregos, o desenvolvimento do Estado não é trazido pelos partidos aos quais fazem parte, isso não deve ser reconhecido, pelo contrário, deve ser criticado. Faço questão de dizer que não concordo com este tipo de posição.

No dia em que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre começar a se preocupar em trazer para esta Capital indústrias, empregos para os porto-alegrenses, vou aplaudir. A política tributária desenvolvida na Capital do nosso Estado tem provocado a fuga de uma série de indústrias daqui. Porém, como são duas visões diferentes de se fazer política, este debate talvez não chegue a um consenso entre os Vereadores que aqui colocaram a sua posição e a minha. Quero, portanto, deter-me numa discussão da maior importância para o nosso Município, que também se refere a uma das questões fundamentais para a garantia da cidadania dos porto-alegrenses, que é o direito de morar.

Nós temos, seguramente, em 1998, que nos voltar com muito mais radicalidade  à  luta pela garantia da moradia de grande parcela da população de Porto Alegre, que tem participado de muitos fóruns de discussão sobre a habitação, mas que não tem visto crescer o número de moradias através de uma política pública do Município, para garantir casas para os  sem-teto. Nem tudo está perdido, algumas conquistas foram importantes na área dos conjuntos habitacionais.

Quero trazer aqui um tema que esta Casa discutiu muito ao longo dos últimos anos, que é a questão das 1.200 famílias moradoras do Parque dos Maias, que durante 10 anos viveram a angústia e a insegurança de não saber se poderiam ou não continuar morando no Parque dos Maias. Eu, inclusive,  presidi uma Comissão Externa que buscava negociar  uma solução para  aquelas 1.200  famílias.

No início deste ano, uma medida política construída a partir do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, discutida com a Prefeitura de Porto Alegre, com a Assembléia Legislativa, com a Câmara de Vereadores, dará um grande avanço, permitindo subsídios necessários com o recurso do Governo do Estado, vindos do Fundo de Desenvolvimento, para que a população do Parque dos Maias possa, finalmente, ser dona da sua casa. O apoio da Assembléia Legislativa à concepção política desenvolvida pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, de procurar solucionar os impasses, independentemente dos partidos que administram os municípios, é fundamental para a solução dos moradores do Parque dos Maias. A população daquela região, hoje, tem um pouco mais de tranqüilidade, porém toda a questão ainda não está resolvida, porque, até agora,  não conseguiram regularizar o sistema das residências habitacionais do Parque dos Maias, e os habitasses ainda não foram dados pela Prefeitura Municipal. Há, ainda, uma série de questões a serem resolvidas em relação aos impostos, como o IPTU, por exemplo.

É fundamental que esta Câmara continue acompanhando as mil e duzentas famílias moradoras do Parque dos Maias, principalmente aquelas famílias que não têm recursos suficientes. É preciso que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, conforme acordado, libere os sete hectares de terra para o Parque dos Maias. Penso que a Câmara Municipal de Porto Alegre tem ajudado com esse debate. A decisão da Assembléia de apoiar o Projeto do Executivo Estadual foi fundamental. Temos de acompanhar essa questão, para que aquela Comissão que foi exigida pelos moradores, envolvendo o conjunto dos secretários do Município, realmente agilize as soluções. Muito obrigada.

                

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de Explicação Pessoal. O Ver. Elói Guimarães. Ausente. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra. Ausente. O Ver. João Dib está com a palavra. Desiste. O Ver. João Carlos Nedel. Ausente.

Está encerrada a presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h29min.)

 

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